Ontem, quarta-feira (9), após o fechamento de mercado, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) anunciou que pretende realizar a cisão das operações do Assaí (Atacarejo) e listagem de suas ações na B3, no segmento do Novo Mercado e ADRs também na NYSE (Bolsa de Nova York).
A operação não configura uma oferta inicial de ações (IPO) do Assaí, somente a listagem das ações, ou seja, não haverá venda das ações no mercado para capitalização. A ideia é que após a separação e simplificação da estrutura acionária, os investidores recebam ações do Assaí, na mesma proporção que hoje as ações PCAR3 estão divididas: 41,3 por cento do grupo controlador Casino e 58,7 por cento no mercado.
Na prática, após a conclusão da operação, os atuais investidores de PCAR3 terão a mesma participação e quantidade de ações em duas empresas ao invés de uma. Segundo a companhia, toda a operação está prevista para ser concluída no primeiro trimestre de 2021.
Enxergamos o movimento como positivo para o GPA e para o Assaí, de modo a simplificar a estrutura acionária, melhorando a alocação de capital de ambas as empresas e operações se tornarão totalmente independentes, destravando valor com melhor precificação da empresa Assaí pelo mercado. Esperamos uma reação positiva para as ações (PCAR3) no curto prazo.
Hoje o grupo Éxito, que são as operações da América Latina, adquirido no fim de 2019, está alocado abaixo do Assaí que está alocado abaixo do GPA. A simplificação será realizada com a incorporação da Éxito pela GPA, com a transferência da totalidade das ações da Éxito do Assaí para a GPA e posteriormente a listagem do Assaí, de modo que o Casino (Grupo Controlador) e os investidores terão a mesma participação tanto na Holding GPA como no Assaí, separadamente.
O Assaí já atua com toda a gestão de maneira independente e apresenta crescimento de receita média anual de cerca de 22 por cento anuais, crescimento de margem Ebitda de 5 por cento em 2017 para 7,5 por cento em 2019 e indicador de crescimento de vendas em mesmas lojas (Same Store Sales) de 7,4 por cento de média anual.
A empresa segue com plano de expansão forte, com abertura de pelo menos 20 lojas novas por ano e perspectiva de mais melhorias de margem com ganho de escala na operação.
No lado da Holding GPA também enxergamos um movimento positivo. Após a operação de cisão, em teoria terá um balanço mais leve e melhor retorno sobre o capital, dado que a maior parte dos investimentos estão concentrados no Assaí. Além disso o Grupo Éxito que permanecerá no balanço, possui margens melhores e apresenta forte crescimento, sobretudo na Colômbia, sua maior parcela da operação.
Apesar de positivo, temos alguns pontos de atenção a serem esclarecidos:
i) Como será a evolução da operação da marca Extra, um dos principais gargalos de rentabilidade do GPA;
ii) Como será feita a divisão do endividamento entre as duas companhias, dado o aumento recente da alavancagem para a aquisição do Grupo Éxito;
iii) Como será contabilizada as conversões dos Hipermercados Extra em Assaí após a cisão.
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