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Gabinete Anticaos – Ep. 38

Olá, investidores.

Tudo bem?

No Gabinete Anticaos de hoje, apresentaremos a vocês uma das mais importantes métricas de análise de investimentos, em especial de Fundos de Investimento. Ela é conhecida como Índice Sharpe.

Detalharemos como o Índice Sharpe é calculado e como devemos utilizá-lo a nosso favor a fim de fazer adequadamente uma seleção de investimentos. Devemos, entretanto, ter em vista suas respectivas limitações.

Estatística – não se assuste!

Aqui, antes de calcularmos o Índice Sharpe, relembraremos uma importante medida estatística: o desvio-padrão.

A tabela abaixo mostra as notas de uma sala para duas provas. Note que a média simples foi exatamente a mesma. Entretanto, a Prova 1 apresentou notas no intervalo entre 5,0 e 7,0, enquanto a Prova 2 registrou notas entre 3,0 e 9,5.

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O gráfico abaixo mostra o desempenho – a nota – de cada aluno em relação à média geral da sala. Note que as notas da Prova 1, representadas pela cor roxa, ficaram mais próximas à média, enquanto as notas da Prova 2, representadas pela cor laranja, ficaram “mais distantes” da média.

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Assim, apenas tendo como base a análise visual, podemos afirmar que o desvio-padrão das notas da Prova 2 foi maior que o desvio-padrão das notas da Prova 1. De forma simplificada, o desvio-padrão mede o quão distante as medidas individuais estão da média geral.

Em suma, o desvio-padrão é calculado por meio da seguinte fórmula:

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Onde:

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Utilizando o exemplo das notas das provas, temos o seguinte cálculo do desvio-padrão para cada prova:

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Conforme é possível ver no gráfico acima – e levando em conta cálculo exposto acima –, o desvio-padrão das notas da Prova 2 foi maior que o da Prova 1.

No mercado financeiro, é comum a utilização do desvio-padrão como métrica de volatilidade. Ademais, ele é de vital importância para o entendimento do Índice Sharpe.

Índice Sharpe

O Índice Sharpe foi desenvolvido pelo economista norte-americano William Sharpe. É uma métrica que avalia a relação risco x retorno de um determinado investimento ou de uma composição de investimentos.

Inicialmente, a métrica comparava o retorno dos investimentos acima de um retorno livre de risco, que no Brasil pode ser a taxa CDI, conforme é possível observar na fórmula abaixo:

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A volatilidade consiste no desvio-padrão do retorno dos investimentos já descontado o retorno do ativo livre de risco.

Entretanto, imagine que estamos a comparar a relação risco x retorno por meio do Índice Sharpe de dois fundos: um Fundo DI e um Fundo de Ações. Dado que as duas classes de ativos utilizam índices de referência distintos, a comparação com o retorno livre de risco pode ser utilizada. Porém, é de maior interesse a comparação com os respectivos índices.

Com o passar dos anos, o Índice foi ajustado por meio da utilização do retorno de um índice de referência (benchmark) em substituição ao retorno livre de risco.

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A tabela abaixo mostra o cálculo do Índice Sharpe ajustado para dois fundos hipotéticos de ações:

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O Fundo A apresentou um retorno absoluto de 10,2% no período, 1,4% acima do índice de referência (iBov). Enquanto isso, o Fundo B registrou alta de 11,8%, 3,0% acima do iBov.

Analisando apenas a sentença acima, somos induzidos a preferir o Fundo B, pois este apresentou maior rentabilidade no período. Todavia, o Fundo B apresentou uma elevada volatilidade (medida pelo desvio-padrão), o que tornou seu Índice Sharpe menor que o do Fundo A.

Portanto, o Índice Sharpe é uma importante ferramenta para a análise da relação risco x retorno de fundos. Ademais, ele está usualmente presente em lâminas de fundos, o que traz maior comodidade ao investidor.

Limitações

Apesar de representar uma métrica importante para o estudo da relação risco x retorno, o Índice Sharpe apresenta duas limitações principais:

  1. Ele é uma métrica que estuda a relação risco x retorno com base no passado. E sempre devemos ter em mente que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
  2. O Índice leva em conta apenas o risco de mercado do ativo, sem considerar, por exemplo, o risco de crédito (capacidade do emissor em honrar seu compromisso para com os investidores) e o risco de liquidez (definido pela possibilidade de perda de capital e pela incapacidade de liquidar determinado ativo em tempo razoável sem perda de valor).

Como utilizar o Sharpe?

Quanto maior o Índice Sharpe, melhor para o investimento analisado e maior o retorno relativo ao risco. É importante ressaltar que o Índice pode ser negativo, resultado de um retorno que veio abaixo do benchmark, o que indica um ponto de atenção negativo.

Um Índice Sharpe acima de 1,0 x indica que o risco do ativo é totalmente compensado por seu retorno. Portanto, devemos sempre buscar fundos que tenham Índice Sharpe acima de 1,0 x.

Conclusão

O Índice de Sharpe é apenas mais uma das ferramentas que você, investidor, deve analisar quando for tomar suas decisões de investimento. Porém, como tudo que envolve estatística, ele tem suas limitações.

Portanto, você não deve se ater apenas a uma das estatísticas que estão disponíveis quando for tomar uma decisão de investimento. Ademais, sempre deve conhecer o histórico do gestor e suas qualidades não mensuráveis. A decisão de alocar em Fundos de Investimentos deve ser tão criteriosa – ou mais – do que a de alocar em ações.

Até breve,
Equipe Gabinete Anticaos

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