As oscilações da bolsa não ocorrem por acaso. As cotações de uma ação sobem porque um ou mais investidores resolveram comprá-la. E caem porque o número de vendedores aumentou. Essas decisões sempre têm motivos. Podem não ser motivos racionais – aliás, raramente são. Em suas relações com o dinheiro, os seres humanos são movidos por dois vetores, a ganância (que estimula a tomada de riscos) e o medo (que leva à busca pela segurança). Pode ser comportamento de manada – se há muita gente comprando, eu vou fazer a mesma coisa para não me diferenciar da multidão.
O assunto é tão vasto quanto fascinante, por isso não vamos tratar dele aqui. Por enquanto, basta dizer que a principal causa da alta das ações nos últimos dias é um movimento de volta à normalidade. Apesar de o número de casos de infecção pelo coronavírus estar aumentando na Europa e nos Estados Unidos, obrigando as autoridades a recolocar em vigor algumas das medidas de contenção, as perspectivas são melhores. Em primeiro lugar, há esperanças concretas de uma vacina eficaz e funcional. Em segundo lugar, as autoridades de saúde e os profissionais do setor avançaram na curva de aprendizado para lidar com o vírus.
Isso pode ser demonstrado pelo movimento dos mercados internacionais na terça-feira (10). As ações de empresas de tecnologia como Amazon, Microsoft, Facebook e Alphabet, dona do Google, cujas cotações dispararam ao longo dos últimos meses devido ao aumento das transações on-line, retrocederam. O índice Nasdaq, que lista muitos desses papéis, recuou 1,4 por cento na terça-feira. Já o índice S&P 500, cuja composição é mais diversificada, fechou praticamente estável, com uma queda de apenas 0,14 por cento. E a análise dos primeiros movimentos de mercado mostra que esse movimento continua. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com alta de 1,8 por cento e as ações estão em alta de 0,4 por cento em Frankfurt e de 0,7 por cento em Londres.
INDICADORES – As vendas do comércio varejista cresceram 0,6 por cento em setembro, quinta taxa positiva consecutiva desde maio. O resultado foi inferior às expectativas, que eram de um crescimento de 1,4 por cento. O crescimento de setembro em relação ao mesmo mês de 2019 foi de 7,3 por cento, abaixo da expectativa de aumento de 8,4 por cento. As informações são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O desempenho das vendas indica uma desaceleração em relação aos meses anteriores. Segundo o IBGE, em agosto as vendas haviam crescido 3,1 por cento, e em julho o avanço havia sido de 4,7 por cento em relação ao mês anterior. O comércio varejista ampliado – que contempla Veículos e Materiais de construção – cresceu 1,2 por cento em relação a agosto de 2020, quinta variação positiva consecutiva deste indicador.
O movimento de retorno à normalidade, com retração das ações de tecnologia e avanço dos papéis dos demais setores da economia, ainda deve prosseguir por mais alguns pregões. A quarta-feira começa com os contratos futuros de Ibovespa estáveis e os contratos futuros do índice americano S&P 500 em alta de 0,9 por cento.
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