A manhã da sexta-feira (2) começou agitada com a confirmação de que Donald Trump e sua esposa Melania estão contaminados pelo coronavírus. Ambos testaram positivo, algo que foi divulgado na madrugada da sexta em um tweet de Trump, posteriormente confirmado pelo médico da Casa Branca.
A notícia tem um forte impacto nos preços dos ativos financeiros, pois o resultado representa desafios imediatos para o futuro da campanha de Trump pela reeleição. Faltando pouco mais de um mês para o pleito, ele terá de permanecer em isolamento no período mais crítico da disputa eleitoral. Por enquanto, todos os compromissos públicos desta sexta-feira (2) foram cancelados, incluindo uma viagem à Florida para um comício. Participações em comícios em Wisconsin no sábado (3) e no Arizona na segunda-feira (5) são incertas, assim como a presença de Trump no próximo debate eleitoral, agendado para 15 de outubro em Miami.
Há outras questões além da incerteza de curto prazo. A vasta maioria dos infectados se recupera sem maiores consequências, especialmente se a saúde em geral é boa. O risco, porém, aumenta com a idade, e o presidente americano tem 74 anos. Se desenvolver sintomas, Trump poderá levar semanas para se recuperar. Ele está nos grupos de risco, e não só pela idade. Com 1,90 metro de altura e 110 quilos, Trump tem um Índice de Massa Corpórea (IMC) de 30,47. IMCs acima de 30 fazem a pessoa ser considerada obesa, o que aumenta o risco. O presidente nunca permitiu a divulgação de informações sobre sua saúde, e há muita especulação sobre o assunto, desde antes da pandemia. Em novembro passado. Trump foi sem aviso prévio ao hospital militar Walter Reed, o que levantou suspeitas de que o ele tinha problemas de saúde não divulgados. A Casa Branca insistiu que eram exames de rotina, sem mais detalhes.
Mesmo que seu caso seja assintomático ou de sintomas leves, Trump pode ser afetado politicamente pelo teste positivo. Ele passou os últimos meses minimizando a gravidade da pandemia, mesmo com a Covid-19 matando cerca de mil americanos todos os dias. Ele repetidamente disse que o vírus “iria desaparecer”, afirmou que a situação “estava sob controle” e insistiu que os Estados Unidos estavam “dobrando a esquina” para o fim da crise. Ele recusou a usar máscara em público e questionou repetidamente sua eficácia. Na terça-feira (29/set), ele zombou de Biden por estar de máscara durante o debate.
Como se não bastasse, o mercado também foi perturbado pelo fracasso das negociações entre a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, para chegar a um acordo sobre um novo pacote de estímulo. As negociações devem continuar nesta sexta-feira, mas com prognósticos incertos. A ausência de um pacote de ajuda específico para as empresas aéreas fez os preços do petróleo bruto caírem para seus níveis mais baixos em quase três semanas. Os contratos futuros do petróleo do tipo Brent para dezembro estavam a 39,30 dólares por barril de manhã, queda de 4 por cento em relação à véspera.
INDICADORES – A produção da indústria nacional cresceu pelo quarto mês seguido e registrou alta de 3,2 por cento em agosto, na comparação com julho, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo assim, o setor ainda não recuperou as perdas de 27 por cento acumuladas em março e em abril, quando a indústria atingiu o patamar mais baixo da série, devido à pandemia de Covid-19. No acumulado no ano, a produção recuou 8,6 por cento. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que também mostra que a atividade industrial recuou 2,7 por cento em comparação com agosto de 2019. Nos últimos 12 meses, a queda é de 5,7 por cento e o Ibovespa futuro segue o movimento do exterior, porém com uma queda menos acentuada.
A sexta-feira começou com os mercados em forte queda devido à confirmação de que Donald Trump está contaminado pelo coronavírus. A reeleição do presidente americano é considerada essencial para a continuidade da política fiscal expansionista nos Estados Unidos, que garante impostos mais baixos para indivíduos e para empresas. Com a reeleição de Trump em xeque, as ações recuam. De manhã, os contratos futuros de S&P 500 caíam cerca de 1,4 por cento.
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