Nos corredores do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional, crescem cada vez mais os rumores de que o presidente Bolsonaro terá de realizar novas mudanças ministeriais em breve.
Com a corrida eleitoral de 2022 ainda incipiente, mas já sendo uma realidade, e a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 no Senado entrando na fase de quebra de sigilos de aliados, o diagnóstico de interlocutores do presidente é de que trocas na Esplanada dos Ministérios serão inevitáveis.
A dor de cabeça de Bolsonaro é justamente em relação à articulação política do Executivo no Congresso Nacional.
Hoje, quem recebe as demandas do governo é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem excelente relação com o presidente. Foi Lira que promoveu o nome de Flávia Arruda (PL-DF) para a pasta da Secretaria de Governo – ministério que cuida da articulação política – mas a atuação da deputada tem deixado a desejar na visão de senadores, em especial da bancada evangélica.
Nesse sentido, cresce a demanda por mudanças na articulação para que senadores sejam mais contemplados dentro do jogo político – por meio de distribuição de cargos de segundo e terceiro escalão e execução de emendas parlamentares.
Um exemplo foi a recusa do nome indicado pela bancada evangélica do Senado para a Secretaria Especial de Articulação Social (SEAS), vinculada à Secretaria de Governo, em detrimento da nomeação de uma pessoa aliada de Flávia Arruda.
Uma das possibilidades para resolver esse imbróglio seria entregar um dos ministérios aos senadores da base aliada do governo.
Entre as opções, estão o ministério do Turismo, ocupado atualmente por Gilson Machado, o ministério do Meio Ambiente, comandado pelo ministro Ricardo Salles, ou mesmo a recriação do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), atualmente sob alçada do ministério da Economia.
De qualquer maneira, independentemente do desfecho envolvendo negociações políticas e acenos para sua base, o presidente Bolsonaro já foi comunicado por interlocutores próximos de que a situação do ministro Salles é insustentável, ainda mais após a abertura de dois inquéritos abertos pela Polícia Federal e que têm avançado no Supremo Tribunal Federal.
E Eu Com Isso?
Com a crescente insatisfação de senadores, a dinâmica envolvendo articulações políticas deve mudar a partir desse segundo semestre, na medida em que as eleições de 2022 começam a entrar no radar dos parlamentares.
Atualmente, o poder está muito “concentrado” em Arthur Lira, causando incômodo até mesmo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Com os custos da coalizão sinalizando aumento, o presidente terá de trocar alguns nomes da Esplanada dos Ministérios para acomodar interesses de sua base aliada – e não há nada de errado nesse movimento, uma vez que ele é intrínseco ao funcionamento do Executivo no Brasil.
O mercado já entendeu que o presidente precisa de outros partidos e uma base mais ampla no Congresso para governar e, por isso, não deve reagir negativamente – podendo, a depender da resolução dos impasses entre as partes, até ver com bons olhos o aceno do Executivo para parlamentares.
A notícia é levemente positiva para os mercados.
—
Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
—