Nesta sexta-feira (20), após o fechamento de mercado, a Suzano Papel e Celulose (SUZB3) fechou a venda de 21 mil hectares de ativos florestais, localizadas no estado de SP para a fabricante de celulose brasileira Bracell.
O negócio foi fechado em cerca de 1,07 bilhão de reais e envolve florestas já desenvolvidas, área a ser desenvolvida e a cessão de direitos de arrendamento da terra. O valor será recebido em sua totalidade após avaliação e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A transação vai em linha com as movimentações do mercado de celulose na América do Sul com projetos visando a expansão da capacidade de produção, nos quais a Bracell e Suzano são incluídos na lista. Os projetos de expansão podem adicionar cerca de 14 milhões de toneladas anuais no mercado até 2023, um pouco mais que o dobro da capacidade atual da Suzano.
Impacto na prática para a Suzano
A venda faz parte do plano de desinvestimentos de ativos não prioritários da Suzano, no qual os ativos citados deixaram de figurar na lista de ativos estratégicos após a fusão com a Fibria. A transação possui pouco impacto no resultado da empresa que atualmente possui uma posição de dívida líquida de aproximadamente 69 bilhões de reais.
Acreditamos que a notícia terá pouco impacto no preço das ações (SUZB3) no curto prazo, apesar de positiva, com os preços das ações oscilando mais fortemente com a movimentação do câmbio, o que pode ofuscar uma possível alta das ações com a notícia, em caso de valorização do real perante o dólar.
A alta posição de dívida da Suzano é o principal entrave para a empresa iniciar o investimento da planta em Ribas do Rio Pardo no Mato Grosso do Sul, que tem o potencial de ser um dos projetos mais competitivos do mercado, com distância de apenas 60 quilômetros entre a fábrica e a floresta, consolidando a empresa como o produtor de menor custo, porém com uma estimativa de início de funcionamento somente a partir de 2023.
A Bracell também faz parte da lista de grandes empresas de celulose (Eldorado, Arauco, Euca Energy por exemplo) que estão investindo para aumentar sua capacidade de produção de celulose de fibra curta (Eucalipto) e reduzir seu custo de produção. Esse aumento de oferta pode continuar pressionando os preços da celulose no longo prazo. O preço atual se encontra abaixo dos 500 dólares a tonelada, um patamar baixo no qual somente os produtores mais eficientes conseguem gerar um retorno positivo, pela forte redução da demanda gerada pela pandemia.
A expectativa é que haja uma retomada de preços da celulose no curto prazo, porém a forte expansão da oferta gerará uma competição mais acirrada para os contratos de fornecimento daqui em diante, o que enxergamos de forma positiva para a Suzano, dado que ela é o produtor de menor custo no mundo e continua com forte geração de caixa, mesmo em patamares baixos de preços.