A SulAmérica (SULA11) apresentou nesta quarta-feira (24), após o fechamento do mercado, seu resultado para o quarto trimestre de 2020. Os números vieram fracos, com um trimestre marcado por efeitos não recorrentes, com destaque para o aumento da sinistralidade e menor resultado financeiro.
O principal, e um dos poucos, destaques positivos para o trimestre foi o crescimento de 6,6 por cento em relação ao 4T19 das receitas operacionais, atingindo 5,2 bilhões de reais e indicando que a companhia vem conseguindo crescer de maneira orgânica de forma consistente. No acumulado de 2020 a companhia cresceu sua receita em 6,3 por cento, obtendo 20,0 bilhões de reais no ano.
As despesas operacionais atingiram 4,5 bilhões de reais no trimestre, representando um aumento de 13,5 por cento em relação ao mesmo período no ano passado, explicado principalmente pelo aumento no índice de sinistralidade devido ao aumento nas internações com COVID.
As despesas administrativas também tiveram crescimento significativo no trimestre, aumentando 30,9 por cento em relação ao 4T20, atingindo 529 milhões de reais e negativamente impactadas por uma série de efeitos não recorrentes. Essas despesas representaram 10,1 por cento da receita operacional da companhia, 1,9 pontos percentuais a mais do que em 4T19, excluindo efeitos não recorrentes as despesas teriam representado 9,1 por cento da receita operacional.
Com o aumento significativo das despesas, o EBITDA ajustado da companhia, que desconsidera os efeitos não recorrentes, teve uma queda 82,7 por cento em relação ao mesmo trimestre de 2019.
O resultado financeiro da companhia apresentou queda de 69,4 por cento, algo relativamente esperado considerando a diminuição da taxa de juros (Selic) no período.
Com isso, o lucro líquido da companhia veio 90,6 por cento inferior ao 4T19 e totalizou 42,7 milhões de reais, com retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) recorrente de 11,9 por cento nos últimos 12 meses.
E Eu Com Isso?
O resultado da SulAmérica (SULA11) veio abaixo das expectativas, ainda mais considerando que a companhia entregou resultados acima do esperado nos dois resultados anteriores, com isso esperamos impacto negativo no preço das ações (SULA11) no curto prazo.
Entretanto, o desempenho negativo recente das ações da SulAmérica: queda acumulada de 17,2 por cento em 2020, comparado à desvalorização de 2,8 por cento no Ibovespa, pode limitar a queda no curto prazo, ou seja, a maior parte do resultado negativo já está no preço das ações.
Mesmo com um quarto trimestre mais fraco, a companhia fechou 2020 com um crescimento anual de 98,5 por cento no lucro líquido, atingindo 2,3 bilhões de reais, beneficiado pela venda do negócio de seguros de veículos.
Esse resultado foi muito influenciado pelas medidas de distanciamento social no segundo e terceiro trimestre, que fez seus clientes irem menos ao médico e por sua vez reduziu muito o índice de sinistralidade para 76,4 por cento, o melhor resultado dos últimos 10 anos para a companhia.
Acreditamos que boa parte do resultado da companhia no curto-prazo será impactada pelo andamento da vacinação no país, uma vez que o aumento dos casos de COVID19 foi um dos principais fatores para a alta sinistralidade no trimestre.
A companhia vem apresentando um aumento nos atendimentos digitais (incluindo orientações médicas por telefone) que totalizaram 236 mil no 4T20, um aumento substancial em relação aos 25 mil do 1T20. Porém o que chama mais a atenção é o NPS (número que mede a satisfação do consumidor) divulgado pela companhia, com uma melhor avaliação para os médicos quando o atendimento é virtual do que presencial.
A SulAmérica sai de 2020 mais fortalecida do que entrou quando olhamos para o longo prazo. A aceleração de tendências de digitalização deve ajudar a companhia a controlar melhor seus custos daqui para frente, uma vez que tudo indica que a telemedicina veio para ficar, além disso, um provável aumento da Selic também deve ajudar a companhia a melhorar seu resultado financeiro.