Levante Ideias - Receita Federal

Substituto para o PIS/Cofins

Conforme esperado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, esteve ontem no Congresso Nacional junto às lideranças da casa para entregar a primeira parte da proposta tributária do governo. O ministério também disponibilizou uma apresentação com detalhes mais técnicos da proposta, você a encontra aqui.

O Planalto propõe a extinção do PIS e do Cofins, dando fim também a uma série de regimes especiais e tributos diferenciados, e a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) para substituir tais contribuições federais – que hoje representam cerca de um quinto das receitas tributárias da União. O CBS terá apenas uma alíquota, fixada em 12 por cento, funcionará por meio de créditos e estabelece uma regra geral de cobrança, dando fim à tributação “por dentro”, em que as empresas incluem o próprio tributo na base – e acabam pagando mais por conta disso.

Nesse primeiro momento (também como mencionei) ficam de fora quaisquer mudanças sobre outras bases tributárias, atreladas à renda, ao patrimônio e às transações digitais. O texto entregue pelo governo é em forma de Projeto de Lei e, segundo Guedes, dialoga com as duas PECs sobre o tema que já estão em tramitação no Congresso. Ainda ontem, Bolsonaro pediu, via publicação no Diário Oficial da União, que o PL tramite em regime de urgência.

O ministro reforçou que “não cabe ao ministro da Fazenda, e sim ao Congresso, legislar sobre as relações entre os entes federativos”, reiterando que a eventual inclusão de outros tributos (estaduais e municipais, como o ICMS e o ISS) neste novo Imposto sobre o Valor Agregado será uma escolha posterior e dos deputados e senadores.

O texto veio conforme o esperado: não se trata de uma grande reforma, mas é um passo importante na direção da simplificação tributária e maior transparência sobre os impostos. Alguns regimes diferenciados serão mantidos – o que não é o ideal – e o setor de serviços deve fazer pressão contrária à proposta, já que a alíquota fixa é muito maior que a porcentagem paga pelo setor hoje. Entidades financeiras, no entanto, terão uma alíquota menor (5,9 por cento) por não gerarem ou se apropriarem de crédito.

No geral, o governo pecou mais pela demora no envio de uma proposta que, ao cabo, não tem grandes modificações nos impostos sobre o consumo. No entanto, é sempre bom lembrar que o tema é extremamente delicado e, nesse caso, o ótimo é inimigo do bom.

No dia de hoje, outros elementos devem fazer preço no mercado e, por já ter sido antecipada em outros pregões, a entrega da reforma tributária não influenciará os ativos. Mais adiante, a tendência é que o andamento da reforma continua refletindo positivamente no mercado e, quanto maior a abrangência da reforma, maior deve ser o otimismo de investidores.

* Este conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara as notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

O investidor na sala de espera

Salas de espera podem ser muito relaxantes ou extremamente desconfortáveis. Pessoas ansiosas consideram aquele período de inatividade quase uma tortura. Quem precisa de um tempinho

Read More »

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.