O início da semana foi marcado por sinais mistos vindos do governo sobre a reforma administrativa, após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), questionar a disposição do governo em trabalhar pelo avanço da proposta.
Ele e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), participaram de um evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para falar sobre o crescimento futuro do Brasil.
O sinal amarelo acendeu após Pacheco afirmar que seria necessário “ter uma clareza para que não tenhamos ali uma concentração de energia que será esvaziada em razão de uma iniciativa do governo para poder não votar uma reforma administrativa”.
Em contrapartida, Arthur Lira e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, também discursaram e passaram uma visão mais otimista sobre a tramitação da reforma neste ano pré-eleitoral.
Nos bastidores, foi noticiado que o posicionamento de Pacheco se deu após declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, reservadamente, de que o presidente Bolsonaro não trabalharia pela aprovação das mudanças no setor público – apesar do governo estar, publicamente, em campanha em prol da reforma.
Com o ruído, Guedes teve de ligar, no fim desta segunda-feira (31), para o presidente do Senado e reforçar o apoio presidencial à reforma.
Segundo a equipe econômica, esse assunto já teria sido superado a partir do momento em que o governo enviou a PEC ao Congresso.
E Eu Com Isso?
Em meio às diferentes versões e o recado dado pelo presidente do Senado, investidores ficaram com um pé atrás com relação à reforma administrativa e acabaram contribuindo para uma alta maior nos DIs futuros, que já subiam nesta segunda.
Puxada pela Vale (VALE3) e outras blue chips, a bolsa acabou não sentindo os ruídos de Brasília.
A ligação de Paulo Guedes, feita após o fechamento do pregão, deve apaziguar os ânimos nesta terça (1).
É essencial, no entanto, que o governo esteja completamente alinhado e determinado a trabalhar pela reforma administrativa.
Diferentemente, por exemplo, da reforma previdenciária, essa proposta não avançará simplesmente pela boa vontade – ou inércia política – de deputados e senadores.
Seguimos com uma visão construtiva para as alterações no funcionalismo público, desde que o governo seja o protagonista na tramitação. A notícia é levemente negativa para os mercados.
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