A próxima semana será decisiva para a trajetória dos juros brasileiros de agora em diante. Em circunstâncias normais, o prognóstico seria de alta das expectativas expressas no Boletim Focus, e das taxas na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Porém, a grande incógnita dos juros permanece a mesma. Se o Banco Central (BC) vai ou não imitar sua contraparte americana, o Federal Reserve (Fed), e indicar tolerância com a inflação.
Explicando. Atualmente, a taxa de juros referencial Selic está em 3,5% ao ano. Ela estava em 2% início do ano, mas iniciou sua trajetória ascendente em março.
Desde então, em suas duas últimas reuniões, o Copom elevou a Selic em 0,75 ponto percentual a cada encontro. E, no Comunicado e na Ata da reunião mais recente, ficou claro que haverá outro aumento dessa magnitude no próximo encontro, marcado para os dias 15 e 16 de junho.
Até aí, nenhuma novidade. No entanto, dois indicadores econômicos recentes obrigaram os investidores a refazer seus cálculos.
No dia 1º de junho foi publicado o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2021. O resultado foi uma alta de 1,2%, acima dos prognósticos de 0,7%.
A suavização das medidas de isolamento social permitiu uma relativa volta da economia à normalidade e melhorou seu desempenho.
Na terça-feira (9) foi divulgado o IPCA de maio. A inflação “oficial”, usada para balizar a meta de inflação, foi de 0,83%, a maior para o quinto mês desde 1996.
Em 12 meses, a inflação acumulada é de 8,06%, muito acima da meta, que é de 5,25% incluindo a margem de tolerância.
Por isso, em circunstâncias normais, a próxima semana seria um momento de alta das expectativas e das taxas.
Na segunda-feira (14) será divulgado o relatório Focus, como ocorre em todas as segundas-feiras.
Ela provavelmente vai mostrar um aumento da expectativa para a Selic de dezembro. Na edição mais recente, publicada na segunda-feira (7), o prognóstico era de 5,75%. Já há um consenso de que 6% é o piso da nova expectativa.
Porém, expectativas são uma coisa, a realidade é outra. Na quarta-feira (16) o Copom vai divulgar sua decisão sobre os juros e seu Comunicado.
O mais provável é uma elevação da Selic para 4,25%. No entanto, o que realmente interessa ao mercado é o que o Comitê vai fazer no segundo semestre.
O Copom pode seguir o exemplo americano. Na quinta-feira (10), a inflação ao consumidor nos Estados Unidos superou as expectativas. O Consumer Price Index (CPI) foi de 0,6% em maio, acima do esperado que era de 0,5%.
Em 12 meses, a inflação está em 5,0%. Apesar disso, o Fed indicou que manterá sua política monetária frouxa e vai tratar da inflação mais tarde, quando a recuperação econômica estiver consolidada.
Como haverá uma reunião do Copom americano nesta semana, nas mesmas datas da reunião do Copom brasileiro, será possível saber com segurança qual a visão do Fed.
Ou o Copom pode decidir que o risco de “desancoragem” das expectativas de inflação é grande demais e anunciar uma alteração na política monetária, acelerando a alta da Selic. Qualquer que seja o resultado, a próxima semana será decisiva para a trajetória de juros.
E Eu Com Isso?
O último pregão da semana começa com uma leve alta nos contratos futuros do índice americano S&P 500 e com estabilidade nos contratos futuros de Ibovespa.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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