O Banco Santander Brasil divulgou nesta quarta-feira (30), antes da abertura de mercado, o seu resultado do segundo trimestre de 2020.
O lucro gerencial da instituição financeira atingiu 2,136 bilhões de reais no trimestre, praticamente em linha com o esperado de 2,125 bilhões de reais. O retorno sobre capital próprio (ROE) foi de 12,0 por cento no trimestre, uma forte redução em relação ao patamar de ROE de 21 a 22 por cento anteriormente.
Essa forte redução é explicada por uma provisão extraordinária para perdas com crédito no valor de 3,2 bilhões de reais no trimestre.
A carteira de crédito atingiu 382,9 bilhões de reais, alta de 1,2 por cento comparada com o trimestre anterior e expansão de 20,5 por cento no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. O crescimento foi positivamente impactado pelo segmento de pequenas e média empresas, que cresceu 5,6 por cento no trimestre para 46,6 bilhões de reais (aumento de 27,3 por cento no semestre).
No lado negativo houve queda de 8,5 por cento na receita de tarifas no trimestre, com redução de 6,2 por cento no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior.
A inadimplência acima de 90 dias foi de 2,4 por cento, uma queda de 0,6 pontos percentuais tanto na comparação anual como trimestral.
De forma geral, o resultado do Santander Brasil, terceiro maior banco privado do país, veio praticamente em linha com o esperado, com a realização de provisão extraordinária de perdas com crédito no montante de 3,2 bilhões de reais no trimestre.
O Santander Brasil era o único banco privado que ainda não havia feito nenhuma provisão para perdas de crédito devido à quarentena da Covid-19 que afetou a economia. Esperamos impacto ligeiramente negativo no preço das ações do Banco Santander (SANB11) no curto prazo.
Apesar da provisão extraordinária para perdas com crédito, o Santander manteve um bom ritmo no crescimento da sua carteira de crédito, especialmente pequenas e médias empresas, e conseguiu elevar a sua margem financeira bruta, com crescimento de 12,8 por cento nos últimos 12 meses.
Por outro lado, o banco Santander Brasil continua a sofrer com o aumento da concorrência de fintechs, corretoras e bancos digitais, umas das principais razões para a redução na sua receita de tarifas e serviços.
A divisão de cartões e adquirência (Getnet) que enfrenta a “guerra das maquininhas” apresentou queda de 16,5 por cento na receita no primeiro semestre de 2020.
Para compensar houve redução nas despesas administrativas: queda de 1,9 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2020.
Por último, o índice de Basileia de melhor qualidade (CET1) continua em um patamar confortável de 14,4 por cento, mostrando a eficiência na alocação de capital ponderada pelo risco e sem a futura necessidade de aumento de capital, o que implicaria em diluição dos acionistas e menor ROE.
Os principais riscos para as ações do banco Santander Brasil são: i) aumento da concorrência; ii) open banking e novo sistema de pagamentos PIX e; iii) possível aumento de impostos a ser discutido no Congresso.