Após a rejeição da Medida Provisória 1.045/21, chamada de minirreforma trabalhista, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal voltaram a se desentender, colocando em xeque a agenda de reformas para a apertada janela legislativa – que deve ir até meados de novembro deste ano.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), demonstrou irritação com o revés da MP no Senado Federal e acusou, nos bastidores, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de descumprir acordo entre as duas Casas sobre o tema.
A MP foi rejeitada pelos senadores nesta última quarta-feira (01) e representou derrota para o governo, que tinha interesse em fazer ajustes adicionais na legislação trabalhista.
Lira também estaria incomodado com o fato de que o Senado tem sentado em cima de pautas econômicas, como a BR do Mar, a lei de licenciamento ambiental, a privatização dos Correios, o projeto de regularização fundiária, entre outras propostas já aprovadas pela Câmara.
A reforma do Imposto de Renda, aprovada na Câmara nesta quinta-feira (2), deve entrar neste rol.
Por outro lado, aliados de Pacheco entendem que o processo de votação é mais dependente da construção de consensos e discussões e chamam Lira de “açodado” (acelerado), colocando ainda mais lenha na fogueira criada entre os chefes do Legislativo.
Outros aliados negam que haja um clima ruim entre os presidentes, mas admitem que o trato sobre matérias legislativas é, de fato, diferente entre Câmara e Senado.
Justificam a postura de Pacheco pelo fato dele almejar uma vaga de presidenciável em 2022 – marcando certo distanciamento, portanto, com o governo.
Tendo em vista o impasse criado, o Planalto escalou o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), e lideranças governistas para contornar a situação entre os presidentes do Legislativo.
Há, hoje, uma grande preocupação com o andamento das reformas no Congresso.
E Eu Com Isso?
A piora do diálogo entre os Poderes tem sido apontada como um dos fatores de trava política em prol das reformas, visto que que o apaziguamento de ânimos e conciliação entre as partes vão consumindo o poder de articulação dos líderes governistas.
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