O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou o resultado do segundo trimestre de 2020. Como esperado, o resultado foi afetado por provisões prudenciais para enfrentar os efeitos da pandemia da Covid-19.
O lucro líquido ajustado totalizou 3,2 bilhões de reais no trimestre, uma queda de 23,7 por cento em relação ao mesmo período de 2019. Com a queda no lucro, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 11,9 por cento no trimestre, queda de 5,7 pontos percentuais na comparação anual e de 0,6 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2020.
Diante do novo cenário, as provisões prudenciais adicionais do Banco do Brasil para possíveis calotes (créditos de liquidação duvidosa) atingiram 2,0 bilhões de reais, em linha com as provisões adicionais reportadas pelo Bradesco (3,8 bilhões de reais), Itaú Unibanco (1,8 bilhão) e Santander (3,2 bilhões).
Ainda no lado negativo destaque para a queda na receita de prestação de serviços, com redução de 1,4 por cento de janeiro a junho de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.
Além disso, o Banco do Brasil também informou um pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) no valor 1,26 bilhão ou 0,44 reais por ação, representando um retorno líquido de 1,1 por cento. As ações serão negociadas ex-JCP a partir do dia 24 de agosto e o pagamento ocorrerá no dia 31 do mesmo mês.
Assim como ocorreu com o resultado do Bradesco e do Itaú, acreditamos que já se esperava uma queda no lucro líquido em função das provisões adicionais. Existe uma sensação de que o pior momento da pandemia está ficando para trás, embora o BB tenha mantido o mesmo nível de provisões prudenciais no segundo trimestre.
Entretanto, acreditamos que a atenção deve se voltar para a votação no Senado do projeto de lei sobre o limite de 30 por cento na cobrança de juros do cheque especial e do cartão de crédito durante a pandemia.
Nossa visão é que esta notícia é bem negativa para o setor bancário como um todo. Portanto, nossa expectativa é de que ações do Banco do Brasil (BBAS3) sejam afetadas negativamente no curto prazo.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam queda de 36 por cento em 2020, comparado à redução de 11,1 por cento no Ibovespa no mesmo período.
Na nossa visão, esse desempenho mais negativo no preço das ações dos grandes bancos, incluindo o BB, se deve ao: i) aumento da concorrência; ii) novo sistema de pagamentos (PIX) e; iii) possível aumento de impostos a ser discutido no Congresso Nacional.
Os destaques positivos do resultado do BB foram: margem financeira bruta e controle sobre as despesas administrativas, onde o Banco do Brasil tem um pouco mais de margem de manobra.
As despesas administrativas tiveram uma alta de 2,6 por cento na comparação anual e aumento de 1 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2020. As despesas administrativas vieram dentro do guidance anterior (+2,5 a +4,5 por cento).
A margem financeira bruta somou 14,5 bilhões de reais no trimestre, crescimento de 8,2 por cento em relação ao mesmo período de 2019 e aumento recuo de 3,8 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2019.
A carteira de crédito total apresentou crescimento de 5,1 por cento nos últimos 12 meses até junho de 2020. O banco também reduziu sua taxa de inadimplência acima de 90 dias em 33 pontos porcentuais em comparação ao 1T20, ficando em 2,84 por cento no fim de junho.
Os principais catalisadores das ações do Banco do Brasil são: i) transição no comando do BB, com a saída do presidente (CEO) Rubem Novaes e a entrada de André Brandão, ex-presidente do HSBC e; ii) evolução dos índices de inadimplência.
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