Na noite desta quinta-feira (06), a Lojas Americanas (LAME3/LAME4) e a sua controlada B2W (BTOW3) reportaram seus resultados do 1T21, após o fechamento de mercado.
Os números da Lojas Americanas foram afetados negativamente sobretudo pelas restrições impostas pela segunda onda da pandemia, com o indicador Same Store Sales (Vendas em Mesmas Lojas) apresentando queda consolidada de 0,8 por cento na comparação anual, sobretudo pelo desempenho negativo de 13,4 por cento nas lojas de shopping centers que permaneceram fechados em boa parte do período fechados.
Já na B2W é possível observar um crescimento muito forte no GMV (Total de Vendas Transacionadas nas plataformas), com o número saltando 90 por cento na comparação anual, alcançando 8,7 bilhões de reais. Com isso o GMV total do Universo Americanas ficou em 11,06 bilhões de reais no trimestre.
Olhando primeiro para a Lojas Americanas, a receita líquida ficou praticamente de lado, com um crescimento ínfimo de 0,1 por cento na comparação anual, alcançando 2,78 bilhões de reais, porém com margem bruta 3 pontos percentuais abaixo do 1T20, em 36,8 por cento.
A companhia conseguiu controlar bem as despesas operacionais, compensando a queda de margem bruta, mantendo o Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) estável em 499 milhões de reais, 0,2 por cento superior ao 1T20 e margem de 20,8 por cento. A companhia obteve uma despesa financeira alta, sobretudo pelo desempenho negativo da participação em B2W e Ame Digital, finalizando o trimestre em prejuízo líquido de 169 milhões de reais.
A B2W obteve um forte crescimento de receita líquida de 73,5 por cento, chegando a 2,94 bilhões de reais, em linha com o crescimento de GMV, inclusive conseguindo melhorar sua margem bruta em 1,1 ponto percentual, alcançando 28,6 por cento no trimestre. Mesmo com esta melhora, as despesas operacionais acompanharam o forte crescimento de receita, o que manteve o Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) em linha com o ano anterior, com crescimento modesto de 1,4 por cento, alcançando 129 milhões de reais e margem de apenas 4,4 por cento (contra 7,5 por cento no 1T20).
E Eu Com Isso?
O resultado de LAME veio de certa forma consistente, mesmo com os efeitos de novas interrupções nas operações de algumas de suas lojas devido à segunda onda da pandemia, conseguindo ainda assim gerar um caixa operacional positivo de 310 milhões de reais, porém sem grande animação. O resultado da B2W veio com mais um trimestre de forte resultado, sobretudo no top line (receitas e GMV), porém a rentabilidade e o alto consumo de caixa ainda preocupam. Esperamos um impacto negativo nas ações do Universo Americanas (LAME3/LAME4 e BTOW3) no curto prazo.
Operacionalmente ambas as empresas vêm evoluindo rapidamente, com a LAME firmando parceria com a BR Distribuidora (BRDT3) na frente de lojas de conveniência, AME Digital crescendo forte, além da aquisição da Uni.Co (dona das marcas Imaginarium e Puket) e Nexoos na frente financeira.
Já na B2W a integração cada vez maior de soluções à sua plataforma, com entregas cada vez mais rápidas, forte crescimento da base de sellers no marketplace, evolução da frente de publicidade com B2WADS e parceria no live commerce com a OOOOO e finalmente na frente financeira com o AME.
A cereja do bolo vem agora com a integração dos ativos físicos da Lojas Americanas pela B2W, mediante emissão de ações (troca os ativos por ações da BTOW3 que serão distribuídos aos acionistas de LAME3 e LAME4), dando um início na reestruturação do grupo Americanas e entrando no hall de varejistas multicanal (omnichannel).
O ponto de interrogação ainda fica com a geração/consumo de caixa pela B2W após a incorporação dos ativos e integração completa. Neste trimestre a B2W apresentou mais uma vez um fluxo de caixa operacional negativo da ordem de 530 milhões de reais, com aumento grande na linha de fornecedores e principalmente nos estoques, que costuma ser comum no início de ano, porém ainda preocupa, com o consumo de caixa se acelerando junto com o crescimento rápido da linha de receita, de modo à companhia financiar os seus “clientes” para expandir, com o prazo de conversão da receita em caixa cada vez mais longo.
Apesar de a B2W ainda manter uma posição de caixa alta, de 4,3 bilhões ao final deste trimestre, o ritmo de consumo de caixa não parece ainda apresentar uma virada de chave, como ocorreu com a Magazine Luiza (MGLU3) e com a Via (VVAR3) chegando perto. Se por um lado a companhia se beneficia das sinergias dos ativos digitais e físicos sendo integrados e dos créditos tributários pelos prejuízos contábeis de anos anteriores, há ainda um importante processo de integração completa e alcançar seus principais concorrentes, podendo sacrificar margens a fim de ganhar mercado, um dos principais temores do mercado em relação ao setor.
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