O resultado do segundo trimestre de 2020 da Santos Brasil foi regular e veio em linha com as projeções em termos de receita líquida e Ebitda recorrente, mas abaixo da projeção na última linha (lucro líquido).
Diferentemente do resultado do 1T20, o volume de contêineres no terminal de Santos caiu para 256,725 contêineres no trimestre, redução de 19,8 por cento na comparação anual. Entretanto, parte desta queda já era esperada pois a CODESP (Companhia Docas do Estado de São Paulo) já havia divulgado uma redução no volume de contêineres no Porto de Santos em junho.
O principal destaque negativo foi a queda anual de 21,5 por cento no volume de contêineres cheios de importação no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2019.
Do lado positivo, destacamos a geração de caixa operacional recorrente – medida pelo Ebitda, alcançou 41,8 milhões de reais, com margem de 18,6 por cento, números melhores do que os dos três primeiros meses do ano.
Na última linha um prejuízo líquido de 9,4 milhões de reais, reflexo do aumento das despesas financeiras que totalizaram 17,9 milhões de reais no trimestre.
Acreditamos que o resultado levemente abaixo do esperado da Santos Brasil (STBP3) já está parcialmente precificado pelo mercado, pois a empresa já havia divulgado dos dados de volume no Tecon-Santos. Dessa forma, esperamos impacto ligeiramente negativo no preço das ações no curto prazo.
Devido aos efeitos da pandemia, com maior impacto nas importações, houve piora no mix de contêineres cheios na comparação anual e trimestral, com o volume de contêineres cheios recuando para 73 por cento do total movimentado no 2T20 (vs. 75,5 por cento no 1T19 e 77,2 por cento no 1T20).
A receita líquida fechou a primeira metade do ano estável em relação ao primeiro trimestre de 2020: 224,8 milhões de reais no trimestre.
A receita do terminal de veículos (TEV), cerca de 10 a 12 por cento da receita total, apresentou queda de 59 por cento, reflexo da forte queda de 95 por cento no volume de veículos importados devido à quarentena da Covid-19.
A Santos Brasil fez um bom trabalho no controle dos custos e despesas operacionais: i) queda de 8,7 por cento no trimestre em termos consolidados e; ii) redução de 62,8 por cento nas despesas gerais e administrativas dos terminais portuários.
O Ebitda totalizou 41,8 milhões de reais, queda de 37 por cento em relação ao mesmo período de 2019, mas com aumento da margem Ebitda para 18,6 por cento (16,2 por cento no 1T20).
O investimento totalizou 45,3 milhões no trimestre, dos quais 44,3 milhões no Tecon Santos, sendo a grande maioria referente à obra de extensão e reforço do cais.
Este investimento no Tecon-Santos vai adicionar 220 metros ao cais atual, que passará a ter 1.510 metros de extensão, com possibilidade de operação (ao mesmo tempo) de até três navios de 366 metros de comprimento, da classe New Panamax, com melhoria da produtividade nas operações de porto. As obras para expansão e reforço do cais já começaram e deverão ser concluídas no segundo semestre de 2021.
A companhia encerrou o segundo trimestre de 2020 com endividamento líquido de apenas 83,9 milhões de reais, equivalente a 0,8 vezes Ebitda (vs. 0,5 vezes no trimestre anterior).
O principal risco das ações em 2020 é o impacto vindo da desaceleração econômica devido à quarentena do coronavírus, especialmente uma segunda onda de contaminação.
Acreditamos que o pior ficou para trás para a Santos Brasil, e que o volume de importações deverá começar a se recuperar a partir de agosto, pois sazonalmente o terceiro trimestre é o mais forte para as importações. Dessa maneira, acreditamos que o terceiro trimestre deverá apresentar volume maior do que o segundo trimestre de 2020.
Os principais catalisadores das ações da Santos Brasil são: aumento do volume de importações, melhora de preços e aumento da margem Ebitda consolidado com a retomada da importação de veículos.
–
* Este conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara as notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.