A empresa de softwares Linx (LINX3) apresentou nesta segunda-feira (19), após o fechamento do mercado, os resultados do último trimestre de 2020. Como regra, as empresas na bolsa precisaram reportar seus resultados até o fim de março, porém a companhia já havia solicitado um adiantamento devido a problemas operacionais com uma de suas subsidiárias.
A companhia apresentou bons números de receita bruta, com crescimento de 5,7 por cento no quarto trimestre, atingindo 270,7 milhões de reais, impulsionado principalmente pelo crescimento de 13,8 por cento em suas receitas recorrentes e representando 86 por cento da receita total.
Entre os principais destaques negativos da companhia, encontram-se as despesas da companhia, no quarto trimestre houve um aumento de 18,9 por cento nas despesas gerais e administrativas, atingindo 70,0 milhões de reais, um aumento de 17,8 por cento nas despesas com vendas e marketing, atingindo 42,9 milhões de reais e uma provisão para crédito de liquidação duvidosa de 42,6 milhões de reais.
Com isso, a companhia apresentou um Ebitda, métrica de geração operacional de caixa, negativo em 18,0 milhões de reais, principalmente relacionado às provisões de crédito, representando uma margem negativa de 7,7 por cento, uma piora considerável em relação aos 24,8 por cento apresentados no 4T19.
Desconsiderando os efeitos não recorrentes relacionados às transações atípicas já mencionadas e custos relacionados com as negociações com a fusão com a Stone (Nasdaq:STNE) o Ebitda ajustado da companhia teria sido 42,0 milhões de reais, com uma margem de 18,0 por cento, refletindo ainda um desempenho operacional mais fraco.
Por fim, a companhia apresentou prejuízo líquido de 65,9 milhões de reais no último trimestre, revertendo os 9,4 milhões de lucro apresentados no mesmo trimestre do ano anterior.
O resultado foi influenciado também por um resultado financeiro negativo de 10,8 milhões de reais, frente a 3,7 milhões positivos no quarto trimestre de 2019 devido a uma diminuição no CDI relevante entre os anos.
E Eu Com Isso?
O resultado da companhia foi fraco, apesar do bom crescimento de receita, houve piora considerável no controle de custos, mesmo considerando um ambiente mais desafiador para o varejo, público alvo da companhia, no ano. Esperamos impacto negativo no preço das ações da companhia (LINX3) no curto prazo, porém ressaltamos que os termos da fusão com a Stone já foram estabelecidos e por isso este impacto deve ser limitado.
Apesar do resultado fraco, com prejuízo para o ano de 2020 em 80 milhões de reais, ressaltamos que a companhia foi adquirida pela Stone (Nasdaq:STNE), que teve lucro de 837,4 milhões de reais no mesmo período.
Acreditamos que as sinergias para Stone estão muito mais relacionadas à forte base de clientes da Linx e focadas no crescimento das soluções de software, algo que foi visto no ano, por isso enxergamos que os efeitos dos números devem ser limitados pois o preço das ações deveriam estar mais atrelados aos resultados da Stone.
O que mais chamou a atenção foi a despesa de 42,6 milhões de reais para provisões de crédito de liquidação duvidosa, principalmente relacionado ao cancelamento de transações atípicas por parceiros da Linx Pay que custou 40 milhões. A companhia optou por reconhecer todas as perdas nas demonstrações do último trimestre, como já havia divulgado em fato relevante como motivo para justificar a postergação do resultado.
Este tipo de gastos neste tamanho gera desconfiança com relação à companhia e sua capacidade de monitorar suas parceiras, principalmente pelo volume financeiro envolvido.
Apesar do ano desafiador para o varejo, público alvo da companhia, o ano de 2020 também foi marcado pela forte digitalização das empresas, o que beneficiou a maioria das companhias de tecnologia, a Totvs (TOTS3), maior empresa do setor de software de gestão e competidor direto da Linx, apresentou um crescimento de receita líquida de 9,9 por cento, quase o dobro do crescimento apresentado pela Linx, além de crescimento de Ebitda e lucro líquido.
Acreditamos que o próximo catalisador para as ações da Linx (LINX3) está na conclusão da fusão com a Stone (Nasdaq:STNE), possibilitando que a companhia do meio de pagamentos consiga vender suas soluções na base de clientes da Linx e realizando integração com os softwares da companhia. Pela diferença nos tamanhos das companhias, acreditamos que o preço das ações da Linx estará mais ligado a performance da Stone nas próximas semanas do que da própria performance financeira e operacional.
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