A Intel (INTC) divulgou nesta quinta-feira (21) os seus resultados do 4T20. Os números vieram bons, acima do que a companhia havia projetado ao final do 3T20 e da expectativa do mercado.
A receita no trimestre foi de 20 bilhões de dólares, mais de 2,5 bilhões acima do estimado. Isso representa um resultado muito próximo ao obtido no 4T19, quando a receita foi de 20,2 bilhões de dólares.
Enquanto isso, o resultado operacional medido pelo lucro operacional (Ebit) foi de 6,3 bilhões de dólares, 12,7 por cento a menos que no 4T19 (considerando a forma ajustada do balanço, non-GAAP). A queda nesta linha bem acima da queda na receita indica uma queda nas suas margens.
O lucro líquido foi uma grata surpresa. Esperava-se algo em torno dos 1,10 dólares a 1,20 dólares por ação e o resultado veio acima: 1,52 dólares por ação.
Por fim, a companhia anunciou que o seu conselho aprovou um aumento de 5 por cento no pagamento anual de dividendos. O total a ser pago ao longo 2021 será de 1,39 dólares por ação, o que equivale a um retorno em dividendos (yield) de 2,2 por cento. Em adição, ela também anunciou o primeiro dividendo do ano, de 0,34 dólares por ação (25 por cento do total prometido).
A data base para ter direito ao provento é 7 de fevereiro, com crédito em 1º de março.
E Eu Com Isso?
O resultado da Intel foi bom e acima das expectativas. Curiosamente, as ações dispararam nos minutos pré-fechamento desta quinta-feira (21), após a companhia, por um deslize, soltar o resultado com o pregão aberto. A alta foi de 6,5 por cento.
Durante o after-market as ações realizaram, e esperamos uma sessão negativa para as ações INTC nesta sexta-feira (22).
A Intel é uma clássica vaca leiteira nos Estados Unidos. Margens operacionais elevadas (acima de 30 por cento), endividamento controlado e forte geração de caixa. Em 2020, o “Free Cash Flow” (diferença entre o caixa que as operações geraram e o caixa que suas atividades de investimento consumiram) foi de 21,1 bilhões de dólares. Destes, a companhia remunerou seus acionistas com 19,8 bilhões de dólares, seja através do pagamento de dividendos diretamente, seja através de recompra de ações.
Do ponto de vista estratégico, porém, o mercado carrega uma dose de ceticismo com o futuro da companhia. A maior agilidade de outros players, queda da sua participação relativa em alguns mercados, perda de clientes importantes como a Apple e o atraso na entrega de projetos são os principais motivos para esta desconfiança.
A volta de diversos executivos, inclusive Pat Gelsinger, quem ajudou a desenvolver diversos processadores de sucesso da Intel, pode creditar à Intel uma “nova fase”. Assim como o bom resultado do 4T20, o mercado pode voltar a dar “o benefício da dúvida” e projetar números mais promissores daqui para frente.
Independente de toda esta questão, 2020 foi um bom ano, com o segmento mais importante, o CDG (client computing group), apresentando um crescimento de receita de 16 por cento, alavancado pela maior demanda de notebooks no período. Cabe ressaltar que o vento foi favorável para todo o setor devido ao consumo “at-the-home”, ou seja, dispositivos necessários para práticas de trabalho, estudo e lazer dentro de casa no contexto da pandemia.