A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (CSMG3) divulgou, no dia 30 de outubro, após o fechamento de mercado, os seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2020. Os números vieram bons, com receita em linha com as expectativas e Ebitda e lucro líquido acima do esperado.
Os principais destaques positivos foram: i) boa gestão de custos e despesas, o que gerou ganhos em termos de margem operacional (Ebitda) e; ii) convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para deliberar o pagamento de um dividendo extraordinário de 820 milhões de reais.
O resultado foi beneficiado positivamente por uma reversão de provisão judicial no valor de 30,9 milhões de reais no trimestre.
No lado negativo, a inadimplência ainda teve impacto nas perdas com as contas a receber de 93,4 milhões de reais no trimestre, crescimento em relação ao mesmo período de 2019 (47,5 milhões de reais), mas com melhora em relação ao 2T20 (136 milhões de reais).
A receita líquida da companhia foi de 1.274 milhões de reais, 7,5 por cento a mais que no trimestre anterior e 6,1 por cento a mais que no mesmo período do último ano.
O Ebitda, métrica utilizada para medir o potencial de geração de caixa das operações das companhias foi de 525,7 milhões de reais, 38,9 por cento a mais que no último trimestre e 14,7 por cento a mais que no 3T19. Assim, a margem Ebitda fechou o período em 39 por cento, 8 pontos percentuais a mais que no 2T20 e 1,8 ponto percentual a mais que no 3T19.
Por fim o lucro líquido foi de 240,5 milhões de reais, 64 por cento superior ao último trimestre e 24,4 por cento a mais que no mesmo período do último ano.
Os resultados apresentados pela Copasa foram bons e acima do esperado. Além disso, a grande probabilidade de aprovação de um dividendo extraordinário deve ser bem recebida pelo mercado. Assim, esperamos impacto positivo no preço das ações CSMG3 no curto prazo.
O bom resultado da Copasa veio de uma combinação entre o aumento nos volumes distribuídos e medidos, muito por conta da retomada no nível da atividade econômica após o fundo do poço do 2T20; redução nas despesas com provisão para perdas esperadas (calotes) na comparação trimestral; e ganhos de margem, tanto devido aos esforços na gestão dos custos administráveis como devido a um efeito alavancagem operacional.
Uma boa forma de observar este último ponto é nos gastos com pessoal. A Copasa reduziu a sua relação entre número de empregados a cada mil ligações de água e esgoto de 1,65 vezes para 1,6 vezes.
A política de dividendos da Copasa estabelece que, até o dia 31/mar de cada exercício, será deliberado o percentual do lucro líquido ajustado (payout) a ser pago aos acionistas em forma de proventos, sempre entre 25 por cento e 50 por cento. Esta parcela é chamada de Dividendo Regular.
Além deste, existe a possibilidade de pagamento de Dividendo Extraordinário: este associado a alavancagem da companhia medida pela relação entre a sua dívida líquida e seu Ebitda dos últimos 12 meses. O intervalo ideal de eficiência regulatória é na faixa das 2 vezes.
Como a companhia fechou o 3T20 com alavancagem de 1,2 vezes e o risco Covid-19 foi parcialmente dissipado, a companhia convocou assembleia para deliberar o pagamento de um Dividendo Extraordinário de 820 milhões de reais. Mesmo após o possível pagamento, a expectativa é que a dívida líquida fique na casa das 1,6 vezes, ainda assim em um patamar confortável para possíveis desafios à frente.
Considerando o último preço de fechamento, o retorno do dividendo extraordinário da Copasa (CSMG3) seria de 15,1 por cento, um retorno bastante atrativo para os investidores. Porém, acreditamos que a companhia irá deliberar sobre os dividendos depois que tiver mais visibilidade do resultado do quarto trimestre de 2020.
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