Mais uma reforma foi confirmada, mas dessa vez não é de natureza econômica, mas política. A tendência de troca nos ministérios, conforme comentamos na edição desta quarta-feira (21), foi confirmada pelo presidente Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
O ministro falou sobre uma “reorganização interna” na pasta, sem entrar em detalhes. Bolsonaro, por sua vez, declarou que deve realizar algumas alterações na Esplanada para contemplar aliados políticos.
No esquema desenhado, a equipe econômica sofrerá um desmembramento com a recriação do ministério do Trabalho – a ser comandado por Onyx Lorenzoni (DEM-RS), atual titular da Secretaria Geral da Presidência.
Já a Casa Civil deve abrigar o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos nomes fortes do Centrão, enquanto o destino do atual ministro, Luiz Eduardo Ramos, ainda é incerto – não foi definido se ele assumirá a Secretaria Geral da Presidência.
Com as mudanças, sai perdendo o ministério da Economia, que trabalhava na elaboração de programas para a inserção de grupos vulneráveis no mercado de trabalho.
O tema é diretamente relacionado à nova pasta.
A avaliação de Paulo Guedes e sua equipe, contudo, é de que seria mais vantajoso garantir uma melhor relação com o Senado Federal e, assim, avançar na agenda de reformas.
A entrada de Ciro Nogueira – o primeiro senador a ocupar um cargo de ministro neste governo – tem como objetivo fortalecer a relação do governo com o Senado e com seu presidente, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que acabou se distanciando em decorrência da CPI da Covid.
Espera-se a edição de Medida Provisória na próxima segunda-feira (26), confirmando as mudanças acima.
E Eu Com Isso?
Do ponto de vista do mercado, as mudanças anunciadas devem resultar em um jogo de soma-zero: a pasta da Economia perde seu caráter de “Superministério” e corre o risco de ver algumas pautas relacionadas ao Trabalho sendo mais politizadas.
Por outro lado, ganha uma melhor interlocução com o Senado Federal – que será essencial, no segundo semestre, para dar continuidade às reformas (administrativa, por exemplo) uma vez que elas forem aprovadas na Câmara, onde o ambiente tem sido muito mais favorável à pauta governista.
Quanto à indicação de Ciro Nogueira, que já foi aliado de governos petistas, ela é mais uma indicação de que política é feita, em primeiro lugar, com pragmatismo.
A notícia é levemente positiva para os mercados.
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