A inflação voltou, e isso é uma notícia boa. Na manhã desta sexta-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou as projeções e divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho registrou uma alta de 0,26 por cento em junho. Segundo o IBGE, a taxa foi influenciada pelo aumento nos preços dos combustíveis após reduções nos últimos quatro meses. O aumento de 3,24 por cento na gasolina foi o mais perceptível, respondendo por 0,14 pontos percentuais da inflação de junho. Após as duas quedas consecutivas (0,31 por cento em abril e 0,38 por cento em maio) e com o aumento de junho, o IPCA acumula alta de 0,10 por cento no ano e de 2,13 por cento em 12 meses.
Mais cedo nesta sexta-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou a primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de julho. O índice registrou uma inflação em 1,18 por cento nos dez primeiros dias de julho, levemente abaixo dos 1,36 por cento registrados no primeiro decêndio de junho. A inflação no atacado, calculada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) recuou para 1,56 por cento no primeiro decêndio de julho, ante 2,06 por cento em junho.
Durante décadas, a inflação foi um dos principais problemas econômicos do Brasil. A inconsistência dos preços e a instabilidade da moeda eram os principais entraves ao desenvolvimento do crédito e dos negócios, que se ressentiam da impossibilidade de planejar no longo prazo. A dolorida vitória contra a inflação, conseguida apenas com o Plano Real, em 1994, conseguiu colocar o Brasil em linha com as demais economias. No entanto, neste momento, a volta da inflação é uma boa notícia. Os preços subindo de maneira moderada e razoavelmente previsível indicam que a atividade econômica está retornando.
No cenário internacional, entretanto, o panorama não é tão positivo. Os pregões no Exterior começaram a sexta-feira no terreno negativo. O que preocupa os investidores são sinais de aumento das contaminações pelo coronavírus que se seguiram às medidas de reabertura da economia. Com a volta das contaminações após a retomada das atividades, o temor é que seja necessário refazer as projeções para o desempenho da economia em 2020. Nas últimas semanas, as cotações surfaram em uma onda de otimismo com os prognósticos para a atividade econômica. Uma retomada agora no início do segundo semestre poderia indicar uma queda menos abrupta do Produto Interno Bruto (PIB).
INDICADORES – Após a queda de abril, o setor de serviços recuou 0,9 por cento em maio, apontando ainda efeitos das medidas de isolamento social para conter a pandemia de Covid-19. É a quarta taxa negativa consecutiva do setor, que acumula uma perda de 19,7 por cento no período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.
O movimento de realização de lucros iniciado na quinta-feira deve prosseguir hoje, com os investidores à espera de novos sinais de retomada da economia. Enquanto isso não ocorre, o cenário de curto prazo pode levar, novamente, a um pregão em queda pontual, apesar de a conjuntura permanecer favorável em um prazo mais longo.
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