Inflação no Brasil é um assunto sério. Na maioria dos países, desenvolvidos ou nem tanto, a inflação é um fenômeno monetário que é resolvido com as ferramentas de sempre. A contração da política monetária pelo Banco Central e a redução dos gastos do governo pela Secretaria do Tesouro – sejam quais forem as denominações locais. Por aqui não é tão simples. Apesar de quase três décadas de uma economia relativamente estável, a estrutura de indexação permanece praticamente inalterada. Basta olhar qualquer contrato de mais longo prazo, como a compra de um imóvel ou um aluguel e você verá algum índice de inflação. O mesmo raciocínio vale para benefícios do INSS, custos de concessão dos serviços públicos e muitos outros exemplos.
Por isso, o investidor deveria, prudentemente, prestar atenção ao comportamento recente das expectativas, expressas nos contratos de juros futuros. Na sexta-feira (14) as taxas dos contratos que vencem em janeiro de 2022 eram de 4,985 por cento ao ano. Os contratos de janeiro de 2023 estavam em 6,815 por cento ao ano. No entanto, a edição mais recente do Relatório Focus, divulgada pelo BC nesta segunda-feira, indicava uma Selic a 6,50 por cento no fim de 2022. Ainda que aparentemente pequena, essa é uma diferença relevante quando se trata do mercado de juros, onde as margens são estreitas.
Se é um exagero dizer que há motivos para alarme, é possível afirmar que há boas razões para permanecermos atentos. A divulgação do IGP-10 pela Fundação Getulio Vargas nesta segunda-feira mostrou uma aceleração dos preços das matérias-primas no início de maio. Insumos mais caros representam custos mais elevados dos produtos acabados, e uma pressão potencial sobre os preços ao longo dos próximos meses.
O que fazer? Decisões sobre política monetária cabem aos bancos centrais. Em uma economia ainda fechada e oligopolizada como a brasileira, o repasse aos preços finais é dado como certo. Por isso, ao definir sua estratégia, o investidor tem de ficar atento às variáveis dos índices de inflação, das taxas de juros e das cotações do câmbio. Elas terão uma importância maior nos movimentos de mercado.
Relatório Focus
A edição mais recente do relatório Focus mostra uma elevação dos prognósticos dos investidores para a inflação e para o Produto Interno Bruto (PIB). A inflação projetada pelo IPCA avançou para 5,15 por cento, ante 5,06 por cento da semana anterior. E as projeções para o PIB também melhoraram. Agora, a estimativa é de um crescimento de 3,45 por cento ante 3,21 por cento da semana anterior. Já a projeção para a taxa de câmbio no fim do ano retrocedeu para 5,30 reais, ante os 5,35 reais da semana anterior e os 5,40 reais de há quatro semanas.
Indicadores
A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) acelerou para 3,24 por cento em maio ante 1,58 por cento em abril. O índice acumula alta de 12,70 por cento no ano e de 35,91 por cento em 12 meses. Em maio de 2020, o índice variara 0,07 por cento e acumulava elevação de 6,07 por cento em 12 meses. A causa foi a alta de 7,66 por cento nos preços das matérias-primas, após uma queda de 0,30 por cento em abril. Com isso, os preços no atacado avançaram 4,20 por cento em maio ante 1,79 por cento em abril.
E Eu Com Isso?
A segunda-feira começa com uma leve baixa nos contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500, devido à expectativa com relação à ata do Federal Open Market Committee (Fomc), equivalente americano do Copom, que deverá indicar qual será a atuação do Federal Reserve com relação à alta dos preços.
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