O Exército brasileiro entendeu que a participação do general Pazuello em manifestação política junto a Bolsonaro não transgrediu o código disciplinar dos militares e, por isso, decidiu por não punir o ex-ministro da Saúde.
O procedimento administrativo foi arquivado e, em breve nota oficial, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, afirmou que as justificativas apresentadas por Pazuello eram plausíveis e suficientes para evitar a punição.
Nos bastidores das Forças Armadas, porém, o diagnóstico não foi o mesmo. Parte dos militares de alta patente entendiam que seria necessário algum tipo de rechaço ao general e que a decisão, de caráter político, pode colocar em risco a hierarquia da instituição.
O presidente Bolsonaro foi claro, durante esta semana, ao afirmar que receberia uma eventual punição a Pazuello como uma afronta direta e que esperava reciprocidade por parte do Exército – no início do ano, Bolsonaro trocou o comando do Exército e, para o lugar de Edson Pujol, escolheu o general Paulo Sérgio, respeitando a linha de antiguidade da força e a lista tríplice enviada pelos militares.
O desejo do presidente era de nomear o comandante militar do Nordeste, general Marco Antônio Gomes, com quem tem mais intimidade.
Da mesma forma, o presidente da República reforçou seu apoio a Pazuello quando o nomeou secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ligada diretamente ao gabinete da Presidência da República.
Com a decisão do Exército, o caso está encerrado, mas deve repercutir no mundo político – Pazuello, inclusive, será convocado novamente para comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado Federal.
E Eu Com Isso?
Após decisão do Exército, divulgada nesta quinta-feira (3), alguns comandantes mais críticos ao governo foram a público se pronunciar, caso do ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann.
As respostas denunciam um dissenso dentro das Forças Armadas, mas mostram que Bolsonaro ainda tem prestígio e poder de decisão nestas instituições.
De fato, o presidente da República é, constitucionalmente, apto para nomear militares para o comando do Exército, Marinha e Aeronáutica. No entanto, a pressão política feita pelo Planalto não é positiva do ponto de vista institucional.
O mercado não deve reagir à decisão, em meio a outras informações relevantes para o pregão desta sexta-feira (4). Espera-se, porém, algum tipo de movimentação em Brasília na semana que vem. Fique atento aos novos desdobramentos.
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