O Pão de Açúcar (PCAR3) divulgou nesta quarta-feira (28), após o fechamento do mercado, os seus resultados referentes ao 3T20. O resultado foi regular e veio em linha com as expectativas.
O principal destaque positivo foi o aumento em suas vendas brutas, cujo total foi 17,49 bilhões de reais, crescimento de 20 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. Levando em consideração o Grupo Éxito, adquirido durante o 4T19, o número atingiu 23,45 bilhões de reais.
O destaque negativo ficou com o aumento das despesas financeiras, resultado do aumento dos passivos onerosos para a aquisição do Grupo Êxito na Colômbia e o aumento das despesas de arrendamento, que nada mais são que os aluguéis que a empresa está pagando pela suas lojas, que totalizaram 486 milhões de reais um crescimento de quase 200 por cento.
O crescimento nas vendas e alavancagem operacional foram suficientes para garantir um resultado positivo na última linha, com lucro líquido, levando em consideração apenas as operações ativas, inclusive o resultado do Êxito, que acaba distorcendo a base de comparação, atingindo 428 milhões de reais.
No ano, as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) recuam 24 por cento, desempenho inferior ao do Ibovespa, que apresenta perdas de 12 por cento. Pelo resultado apresentado no trimestre e performance recente das ações, esperamos desempenho levemente superior ao do Ibovespa no curto prazo.
As vendas brutas totais cresceram 20 por cento em comparação ao mesmo trimestre de 2019, com destaque neutro para resultado no segmento multiformato do Grupo (lojas Pão de Açúcar e Extra) que apresentaram um crescimento de 5,5 por cento.
O segmento atacarejo do grupo (Assaí) apresentou, novamente, forte desempenho, com crescimento de 33,4 por cento nas vendas brutas, para 10,12 bilhões contra 7,58 bilhões no mesmo trimestre de 2019, com o crescimento de vendas nas mesmas lojas (SSS) atingindo 18,1 por cento. A empresa segue com plano de expansão orgânica e maturação para o segmento.
O multivarejo do grupo (Pão de Açúcar e Extra) apresentou resultados mistos, com crescimento de 5,5 por cento, para 7,36 bilhões contra 6,98 bilhões no segundo trimestre de 2019, com o crescimento de vendas nas mesmas lojas (SSS) atingindo 3,2 por cento. A bandeira Pão de Açúcar e Extra Hiper continuam com performances aquém das demais estratégias do segmento.
A frente digital segue em rápida expansão, contribuindo para melhora de margem Ebitda através da escala na operação, com maior engajamento da base de clientes via aplicativo, aumento do número de localidades atendidas e maturação da operação. O varejo eletrônico já representa 6 por cento das vendas do multivarejo (Extra e Pão de Açúcar) e 12,4 por cento da marca Pão de Açúcar, com crescimento de 240 por cento em comparação ao 2T19.
As margens dos negócios de varejo foram impactadas positivamente pelo aumento de suas vendas e diluição das despesas, com a margem Ebitda do Assaí atingindo 7,8 por cento, aumento de 0,8 ponto percentual quando comparado ao mesmo trimestre de 2019. No multiformato, mesmo levando em conta os impactos de postos e galeria, tivemos uma margem Ebitda de 8,1 por cento com crescimento de 0,5 ponto percentual.
A empresa anunciou neste trimestre a separação (spin off) entre a operação do multivarejo (Extra, Pão de Açúcar e Êxito) e a operação de Atacarejo, o Assaí. Acreditamos que essa operação é o principal gatilho de curto prazo para as ações da companhia, já que o braço de atacarejo continua crescendo num ritmo muito forte, enquanto o multivarejo passa por mudanças de portfólio e reposicionamento de marcas. Com a separação conseguimos ter uma melhor precificação do atacarejo e de sua forte expansão.
Em nossas contas o valor de mercado da empresa (PCAR3) está muito próximo ao valor do Assaí com o resto da operação vindo de “bônus” para quem adquirir as ações antes da separação das operações.
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