Realidade é aquele elemento imprevisível que costuma se intrometer entre nossos planos e nós. E nesta sexta-feira (19) os mercados europeus despertaram para a realidade incômoda da volta dos lockdowns. Nesta manhã, o governo da Áustria anunciou que vai estabelecer um lockdown completo de 20 dias a se iniciar na próxima segunda-feira (22) e vai exigir que toda a população austríaca esteja vacinada contra o coronavírus até fevereiro.
Com cerca de dois terços de seus cidadãos já imunizados, a Áustria tem uma das menores coberturas vacinais da Europa Ocidental. O governo introduziu na segunda-feira (15) medidas de restrição para aqueles que não foram totalmente vacinados, mas desde então as contaminações continuaram a bater recordes. A incidência é uma das maiores do continente, com 991 infectados por 100 mil pessoas.
Grande parte dos austríacos desconfia das vacinas, uma visão encorajada pelo Partido da Liberdade, de extrema direita, o terceiro maior no parlamento nacional. A agremiação está planejando um protesto contra as restrições ao coronavírus no sábado (20).
A situação dos austríacos não é um caso isolado. Também na manhã desta sexta-feira, Jens Spahn, ministro da saúde da Alemanha – a maior economia europeia – afirmou em uma entrevista coletiva que a hipótese de um lockdown na Alemanha “não pode ser descartada”. A Holanda está adotando um lockdown parcial, com bares e restaurantes fechando às 20h
Como seria de se esperar, a reação dos mercados foi intensa e imediata. A rentabilidade dos títulos de dez anos do Tesouro alemão, que são um parâmetro para os juros na Zona do Euro, recuou para o terreno negativo e está em menos 0,33% nesta manhã. Em um mês, a rentabilidade desses papéis recuou 28 pontos-base (centésimos de ponto percentual). Os juros de curto prazo apresentaram uma queda ainda mais acentuada e sua rentabilidade está em 0,99% negativa. Os mercados acionários também recuaram. O índice alemão Dax está em baixa de 0,5% e o índice inglês FTSE de 100 ações cai 0,6%.
O grande problema com a volta do lockdown, além do desgaste físico e emocional – chega uma hora em que até mesmo os disciplinados alemães perdem a paciência –, é a deterioração das expectativas.
As economias europeias são menores e menos dinâmicas do que os exemplos americano e chinês, mas são importantes na conta global. Assim, a frustração das expectativas de recuperação econômica em 2021 e de normalização das atividades em 2022 terá consequências desastrosas sobre os mercados.
E Eu Com Isso?
A perspectiva da volta do lockdown na Europa azedou o humor dos mercados. Os contratos futuros de Ibovespa e os do índice americano S&P 500 iniciam a última sessão da semana em queda.
As notícias são negativas para a Bolsa.
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