Pacotes de estímulo à economia sustentam fortes altas nas ações
O último dia útil de uma das semanas mais tensas que se tem notícia está sendo um momento de distensão. Os mercados estão registrando altas significativas, embalados pelas notícias de pacotes governamentais de estímulo nas principais economias. Na Ásia, o índice Kospi, da bolsa de Seul, fechou em alta de 7,44 por cento. Em Xangai, o SSE Composite subiu 1,61 por cento. Na contramão apenas o japonês Nikkei, que caiu 1,04 por cento.
Os índices europeus também estão subindo. Na Alemanha, o Dax avança 4,71 por cento, o inglês FTSE sobe 2,5 por cento e o francês CAC 40 está em alta de 5,82 por cento. Os contratos futuros do americano S&P 500 estão em alta de 2,4 por cento e o Exchange Traded Fund (ETF) de ações brasileiras iShares MSCI Brazil Capped sobe quase 7 por cento na abertura. E os contratos futuros de Ibovespa estão abrindo com uma forte alta de 7 por cento.
O que animou os investidores foi o fato de os governos das principais economias declararem sua intenção de abrir as carteiras. Nos Estados Unidos, o Senado está debatendo um pacote de ajuda que pode chegar a um trilhão de dólares. A proposta inicial, apresentada pelo partido republicano, inclui o pagamento direto de 1.200 dólares para os americanos que ganham até 75 mil dólares por ano.
Além disso, o governo americano pode aprovar uma linha de crédito de 300 bilhões de dólares para pequenas e médias empresas e linhas adicionais de 208 bilhões de dólares para indústrias em dificuldades. Desse total, 50 bilhões seriam para companhias aéreas de passageiros e 8 bilhões para empresas aéreas de carga. O pacote é o terceiro adotado pelo Congresso desde a erupção do coronavírus nos Estados Unidos. A doença havia infectado 12.259 americanos e matado 200 até a noite da quinta-feira (19).
Outros governos, mesmo os comprometidos com a austeridade fiscal, vão pela mesma linha. O governo alemão planeja criar um fundo de 500 bilhões de euros para apoiar as empresas em dificuldades. O fundo vai garantir empréstimos ou injetar capital quando necessário. O Ministério das Finanças alemão está considerando o lançamento de programas de apoio direto que podem elevar esse montante para 700 bilhões de euros.
A ajuda também está vindo do setor privado. O banco inglês HSBC anunciou na sexta-feira (20) novas medidas para apoiar as empresas britânicas exportadoras e importadoras. O maior banco da Europa informou que disponibilizou 3 bilhões de libras em crédito para empresas que atuam com o comércio internacional, além de prorrogar por 60 dias os prazos para clientes adimplentes.
A atuação dos governos pode fazer toda a diferença tanto no curto quanto no longo prazo. Uma crise prolongada pode vitimar muitas empresas, especialmente as menores, as endividadas ou as que operam com maior alavancagem financeira, como as companhas aéreas, por exemplo. Um grande número de empresas quebradas torna a recuperação econômica mais lenta e mais difícil. Por isso a reação positiva dos mercados às propostas de ajuda estatal.
INDICADORES – A confiança da indústria caiu em março. A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou nesta manhã que a prévia da Sondagem da Indústria de março caiu para 98,2 pontos, recuando 3,2 pontos ante o fechamento de fevereiro.
Segundo a FGV, a queda da confiança em março decorreria da piora da percepção dos empresários tanto em relação à situação atual quanto aos próximos três e seis meses.
O Índice de Expectativas caiu 4,1 pontos, para 97,7 pontos, enquanto o Índice de Situação Atual recuou 2,1 pontos, para 98,8 pontos.
O resultado preliminar de março indica redução de 1,1 ponto percentual do Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI), para 75,1 por cento, o mesmo valor dezembro de 2019.
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