Nos cinco pregões de novembro, o Ibovespa cravou uma alta de 10,2 por cento. Na segunda-feira (9), o principal indicador do mercado brasileiro encerrou os negócios a 103,5 mil pontos, nível mais alto em três meses. No momento de maior alta durante o pregão da véspera, o Ibovespa chegou a 105,1 mil pontos, nível anterior à pandemia. Isso se sustenta?
Prever as oscilações nos preços dos ativos no curtíssimo prazo é algo arriscado. Uma das frases comuns entre os profissionais de mercado é que Deus criou o câmbio flutuante para ensinar humildade aos economistas. Em menor escala, esse raciocínio vale para as ações também. E o fato de os pregões na Ásia e na Europa não terem apresentado uma direção definida na madrugada desta terça-feira não facilita as coisas.
No entanto, se é difícil prever os movimentos de curtíssimo prazo, há bem menos incerteza ao afirmar que, pensando-se em um horizonte de tempo mais longo, os prognósticos são positivos. Há vários motivos para isso.
Em primeiro lugar, os indicadores da economia real, que são menos voláteis e menos influenciados pelas expectativas, mostram uma recuperação significativa das atividades. Um bom exemplo é a produção rural. A safra brasileira de grãos deve totalizar 253,2 milhões de toneladas em 2021, alta de 0,5 por cento em relação aos 252 milhões de toneladas de 2020 e registrando um novo recorde histórico. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado, o maior desde o início da série histórica em 1975, deve-se ao aumento de 4,6 por cento na produção da soja e de 1,7 por cento na primeira safra do milho. Os lucros serão vultosos devido ao aumento do consumo interno e à elevação nos preços internacionais das commodities.
A indústria também avançou. Nesta manhã o IBGE detalhou os dados da produção industrial por estado referente a setembro. Segundo o Instituto, houve alta na produção em 11 dos 15 estados pesquisados. Em nove deles, com ênfase para São Paulo, Minas Gerais e os três estados da região Sul, a produção retornou aos níveis anteriores à pandemia. A produção industrial paulista avançou 5,0 por cento. Segundo o IBGE, o estado já acumulou um ganho de 46,6 por cento e está 4,4 por cento acima do patamar de produção de fevereiro de 2020.
A conclusão é simples. Apesar de solavancos provocados pelo noticiário e pela flutuação das expectativas devido aos avanços das vacinas contra a pandemia ou da continuidade das políticas de estímulo à atividade econômica, a economia real brasileira, em especial a agricultura e a indústria, mostram sinais de recuperação. E economia em recuperação indica empresas com bons resultados. E ações em alta no longo prazo – que é o horizonte de tempo que deve ser levado em conta pelo investidor.
INDICADORES – A primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de novembro foi de 2,67 por cento, acima dos 1,97 por cento da primeira prévia de outubro. Com este resultado, a taxa em 12 meses subiu de 19,45 por cento para 23,79 por cento. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 3,48 por cento ante 2,45 por cento em outubro, devido à alta de 4,19 por cento nos preços das matérias-primas brutas (2,31 por cento em outubro).
Os contratos futuros de Ibovespa estão iniciando o pregão da terça-feira em leve alta, estimulados pelos balanços das empresas (LEIA MAIS ABAIXO) ao passo que os contratos futuros do índice americano S&P 500 indicam estabilidade tendendo para a baixa. Espera-se um cenário de volatilidade.
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