Nesta quarta-feira (30), foi apresentado um pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro, reunindo 23 crimes de responsabilidade que teriam sido supostamente cometidos durante seu mandato.
Por aglutinar uma série de acusações, a peça tem sido tratada como um “superpedido”, em uma tentativa de ganhar, também, apelo popular.
Assinaram o documento uma série de movimentos sociais e partidos ligados à esquerda – notadamente, de oposição ao governo –, mas também ex-aliados de Bolsonaro e movimentos de renovação política, que se posicionam como centro liberal no espectro político.
A solicitação entra na longa lista de pedidos de impeachment contra o atual presidente.
Ao todo, já foram 116 representações feitas na Câmara dos Deputados – e nenhuma aceita, tanto pelo ex-presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto pelo atual, Arthur Lira (PP-AL).
O envio do pedido tem como objetivo buscar desgastar o governo em um momento que os bastidores de Brasília estão bastante movimentados em função das mais novas denúncias e suspeitas de corrupção envolvendo a compra de vacinas.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19 tem se debruçado especialmente sobre as eventuais irregularidades e envolvidos na compra de vacinas, nesta semana, e deve priorizar a linha de investigação sobre o tema.
Após a oficialização da representação contra Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que não irá acatar o pedido e que nada mudou, no cenário político e econômico, para que haja necessidade de abertura de um processo de impedimento.
Há, porém, quem diga que o presidente da Câmara encorajou o deputado Luís Miranda (DEM-DF) a tornar públicas as irregularidades no ministério, com o objetivo de enfraquecer seu adversário de sigla, Ricardo Barros.
Ao mesmo tempo, o Planalto se articula para minimizar os efeitos políticos colaterais dessa nova crise, que tem como um dos seus expoentes o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Estrategistas do governo têm quebrado a cabeça para encontrar uma saída que mantenha a firme aliança com o Centrão, mas que possa afastar Bolsonaro de qualquer suspeita de envolvimento no esquema.
Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se reuniu com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para ficar a par das apurações internas que estão sendo feitas na pasta e buscar evitar novas “bombas-relógio” contra o governo.
E Eu Com Isso?
Com o envio de mais um pedido de impeachment – dessa vez, um “superpedido”, mas apenas simbólico – o mercado sempre se questiona se há chances de instauração de uma nova crise política.
Não parece ser o caso: uma eventual reação mais negativa só ocorreria caso a base aliada do governo comece a se esvaziar, mas o Centrão permanece fechado com o governo, ao menos até agora e diante dos fatos expostos.
Ademais, quem aceita pedidos de impeachment é o presidente da Câmara, que tem ignorado todos os pedidos enviados.
Ainda assim, mesmo que houvesse o acatamento de uma solicitação, provavelmente o presidente teria votos na Casa para negar a abertura do processo.
Sendo assim, o mercado não deve reagir negativamente, mas qualquer notícia de peso, envolvendo o esquema de corrupção e o governo, pode vir a mexer com o cálculo político atual.
Fique atento aos novos desdobramentos.
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