A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 continua incomodando o governo federal. Durante todo o fim de semana, o presidente Bolsonaro voltou a criticar a instalação da comissão e pressionou senadores – inclusive, tendo conversado com o senador Kajuru (Cidadania-GO), que depois divulgou o conteúdo do diálogo nas redes sociais – para aumentar o escopo de investigação a governadores e prefeitos.
Durante a conversa, o presidente dá a entender que uma maneira de se alterar os rumos da comissão para não ocorrer uma “fritura” exclusiva do Executivo é por meio da impetração de pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. O senador Kajuru já entrou, neste sábado (10), com um pedido na Corte para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), paute em plenário o afastamento do ministro Alexandre de Moraes.
A tentativa de influenciar os rumos da CPI, contudo, não foi bem recebida por parte dos senadores, que também estão divididos quanto à inclusão de outros entes federativos nas investigações da comissão. Para alguns parlamentares, com o foco mais amplo, seria criada uma verdadeira “guerra” entre o governo federal e os entes subnacionais. Por outro lado, argumenta-se que a verba federal foi, de fato, repassada a governos estaduais e municipais e, logo, uma apuração mais detalhada precisa ser feita.
Na formação da comissão, serão 11 senadores e 8 suplentes. O governo deve buscar ao máximo, também, escalar senadores da base aliada para atuarem em defesa do Executivo durante os trabalhos.
E Eu Com Isso?
A CPI deve ser instalada no decorrer desta semana e dividir atenções com a reta final das negociações do Orçamento de 2021. O diagnóstico é que, antes com a Câmara mais atuante nas tratativas para se chegar a um consenso, agora o Senado também ganha poder de barganha na questão orçamentária, por conta da instalação da comissão.
As alternativas para apaziguar eventuais efeitos negativos na imagem do governo com a CPI seriam a de retirada de assinaturas, cancelando a instalação da comissão, ou a indicação majoritária de parlamentares aliados e neutros para sua composição. Tudo indica, porém, que a comissão irá adiante e o mercado ficará atento a uma possível nova tensão entre os Poderes.
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