Levante Ideias - Federal Reserve

O Fed entre a cruz e a espada

Encerra-se nesta quarta-feira (26) a primeira reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, de 2022. Jerome Powell, presidente do Fed, e os demais membros do Fomc (Federal Open Market Committee), equivalente americano do Copom, terão tomado uma das decisões mais difíceis em décadas. E as consequências do comunicado que será divulgado nesta tarde podem provocar solavancos fortíssimos nos preços dos ativos.

Esta reunião é importante porque ela vai responder a maior dúvida do mercado sobre a estratégia futura do Fed. A autoridade monetária seguirá sendo tolerante com a inflação e agindo devagar, ou vai alterar sua estratégia e passar a combater os preços de maneira mais incisiva?

Na prática, isso quer dizer responder duas perguntas. A primeira é sobre a elevação dos juros americanos. Atualmente as taxas dos Fed Funds, os juros referenciais dos Estados Unidos, estão, na prática, em zero. Como a remuneração dos Fed Funds é divulgada como uma banda (ou intervalo), os juros estão entre zero e 0,25% ao ano. Mas, na prática, a taxa é nula.

Com a alta da inflação – que chegou a 7% em dezembro, maior nível desde junho de 1982 – a projeção é que o Fed realize três ou quatro elevações de 0,25 ponto percentual nos juros até o fim do ano. Com isso, os Fed Funds encerrariam dezembro a 0,75% ou a 1% ao ano. Na avaliação mais popular, esse processo prossegue por 2023 e 2024, sempre com suaves correções mensais de 0,25 ponto percentual.

Ao fim do processo, os Fed Funds estarão ao redor de 2,5% ao ano e a inflação americana terá retornado à meta, que oficiosamente é de 2% ao ano. Isso sem afetar o processo de recuperação da economia nem elevar o desemprego.

Esse é o mundo ideal. No entanto, o problema que Powell e os diretores do Fomc enfrentam é que há muitas dúvidas entre os investidores sobre a intensidade e a permanência da inflação. Assim como ocorre no Brasil, boa parte da alta dos índices decorre do aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis. O “núcleo” da inflação, o chamado “core index”, que não considera esses itens, subiu 5,5% nos 12 meses até dezembro de 2021. É um resultado inferior ao da inflação “cheia”, mas nem tanto assim.

A grande preocupação dos investidores e da autoridade monetária dos Estados Unidos é a dispersão da alta dos preços dos combustíveis para outros segmentos da economia. Isso poderia tornar o processo inflacionário persistente. E obrigar o Fed a manter os juros mais elevados por mais tempo, prejudicando a recuperação após a pandemia.

Daí a dificuldade da decisão do Fed. Se mantiver uma postura tolerante e leniente com a inflação temendo comprometer a retomada da atividade econômica, o banco central americano pode ter de tomar medidas mais drásticas em um futuro próximo. Se, ao contrário, indicar que será firme com a alta de preços, o Fed pode abortar o processo de recuperação da economia.

Não há um caminho claro a seguir. Do outro lado do Pacífico, o Banco do Povo da China, o banco central chinês, anunciou há alguns dias um razoável afrouxamento do mercado de dinheiro, devido à deterioração do nível de atividade econômica provocada pelas medidas necessárias para conter a variante Ômicron.

Na Europa os banqueiros centrais não estão de acordo. O Banco da Inglaterra iniciou um processo de aperto, ao passo que o BCE (Banco Central Europeu), que calibra a velocidade econômica da Zona do Euro, parece não ter pressa para retirar os estímulos. Porém, uma sinalização mais “hawkish”, ou dura, do Fed nesta quarta-feira poderá levar o BCE a começar seu próprio processo.

A decisão do Fed será difícil, e terá consequências sobre todas as economias. No caso do Brasil, juros mais altos nos Estados Unidos podem manter o real depreciado em relação ao dólar. Apesar de favorecer as exportações, um câmbio valorizado também pressiona os preços por aqui, o que pode obrigar o nosso BC (Banco Central) a retardar o processo de aperto iniciado no ano passado, e que deve prosseguir durante pelo menos o primeiro trimestre.

E Eu Com Isso?

A quarta-feira começa com um forte movimento de alta tanto nos contratos futuros do Brasil quanto nos dos Estados Unidos. Por aqui, o Ibovespa futuro já supera 111 mil pontos, mantendo a valorização da véspera. As cotações das ações domésticas foram auxiliadas pela valorização das commodities do mercado internacional. Porém, a depender da decisão do Fed, o mercado poderá apresentar uma volatilidade elevada.

As notícias são positivas para a Bolsa, em um cenário de volatilidade.

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Leia também: O impacto da crise na Rússia.

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