Todas as atenções do mercado financeiro, tanto brasileiro quanto internacional, estarão voltadas para as reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) e do Fomc (Federal Open Market Committee), agendadas para a terça-feira (21) e para a quarta-feira (22).
No entanto, a única coincidência entre os dois encontros é a data.
As tarefas de Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), e de Jerome Powell, principal executivo do Federal Reserve (Fed), o BC americano, não poderiam ser mais distintas.
Por aqui, Campos Neto tem pela frente o desafio de domar uma inflação rebelde e desconfortavelmente alta. A inflação medida pelo IPCA nos 12 meses até agosto está em 9,68%. Mais grave do que isso, a principal causa desse descontrole dos preços aparenta ser por ora uma alta de custos. Especificamente do dólar, que pressiona os preços das commodities e dos combustíveis. Para piorar, a crise hídrica vem obrigando o sistema elétrico a contratar entregas cada vez maiores de energia térmica, gerada por meio da queima de petróleo e gás natural, e muito mais cara do que a energia hidrelétrica.
Assim, apesar de a economia brasileira não estar aquecida, o BC muito provavelmente terá de seguir com sua trajetória de elevação dos juros para tentar fazer a inflação convergir para a meta.
Que, não custa lembrar, é de 3,75% para 2021, com uma tolerância de até 5,25%. Muito distante dos percentuais observados até agora.
A incerteza dos investidores chegou ao ponto de obrigar Campos Neto a romper a tradicional discrição dos banqueiros centrais.
Na semana passada, ele indicou que a alta da taxa referencial Selic na reunião desta semana deverá ser de um ponto percentual, elevando a Selic para 6,25% ao ano. Isso diminuiu um pouco a indefinição.
Havia prognósticos de uma alta de até 1,5 ponto percentual na reunião que se inicia na terça-feira (21). Mesmo assim, as estimativas dos investidores com relação aos juros e à inflação não param de subir.
Já nos Estados Unidos, a questão é outra. Até há alguns dias, a expectativa era que o Fed anunciaria uma redução das medidas de estímulo já nesta reunião.
Desde março do ano passado, o banco central americano vem injetando US$ 120 bilhões todos os meses na economia por meio da compra de títulos públicos e hipotecários, além de manter os juros em zero.
Ao fazer sua apresentação no seminário de Jackson Hole, em agosto, Powell disse que ainda haveria um longo caminho a percorrer na questão dos juros, mas que era hora de discutir uma desaceleração das compras. Isso balizou as expectativas do mercado.
Porém, a criação de empregos em agosto ficou muito abaixo do esperado. Foram abertas 235 mil vagas, ante projeções de 730 mil. Isso traz dúvidas sobre o ritmo de retomada da economia americana, o que pode manter a injeção de recursos por mais algum tempo.
Quanto tempo?
É essa pergunta que os investidores esperam ver respondida no comunicado do Fed a ser divulgado na quarta-feira (22).
Relatório Focus
A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada pelo Banco Central (BC), nesta segunda-feira (20), mostra um novo aumento dos prognósticos para a inflação e para o juros.
A taxa Selic esperada para dezembro subiu para 8,25%, ante 8% da semana anterior e 7,50% há quatro semanas.
A inflação esperada também avançou.
A estimativa para o IPCA de 2021 está em 8,35%, ante 8% da semana anterior e 7,11% há quatro semanas.
As projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) permanecem inalteradas em 5,04%, e a taxa de câmbio prevista segue estável em R$ 5,20.
E Eu Com Isso?
A semana começa com os mercados em baixa. Os contratos futuros do índice americano S&P 500 iniciam a segunda-feira com uma queda de mais de 1,5%, devido principalmente aos problemas com a incorporadora chinesa Evergrande.
As notícias são negativas para a Bolsa.
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