O mês de novembro está se encerrando como o melhor de 2020 até agora. Até a sexta-feira (27), o Ibovespa havia subido 17,7 por cento, retornando ao patamar de 110 mil pontos. O desempenho do mês que se encerra hoje reduziu a perda da bolsa no acumulado do ano para 4,4 por cento. Só para comparar, no fim de março, primeiro mês em que a pandemia do coronavírus afetou as cotações, a queda era de 36,9 por cento.
Houve vários motivos para esse bom desempenho. O primeiro, e mais fundamental, foi a forte entrada de recursos internacionais no mercado brasileiro. Até a sexta-feira (27), a estimativa era que 30 bilhões de reais haviam entrado no mercado brasileiro. Foi o maior valor mensal desde que a Bolsa começou a fazer esse levantamento, em 1995.
O otimismo global provocado pela eleição de Joe Biden nos Estados Unidos e, principalmente, as boas notícias relacionadas ao avanço das vacinas contra a covid-19 elevaram a demanda internacional por riscos. Isso beneficiou todos os países emergentes, e o Brasil não foi exceção. Tanto que isso reduziu as cotações da moeda americana e fez com que o Ibovespa apresentasse uma valorização de 27 por cento em dólares, uma das maiores para o mês dentre as bolsas de países emergentes. Só para comparar, na Coreia do Sul o índice Kospi valorizou-se
A melhora do humor global foi duplamente benéfica para o mercado acionário brasileiro. Por um lado, os investidores internacionais se aproveitaram de ações cujos preços demoraram para acompanhar a alta iniciada em outubro, como por exemplo os papéis de bancos. Por outro, a melhora global das cotações de commodities como petróleo e minério de ferro beneficia ações importantes, como Petrobras e Vale, que têm grande peso na B3 e influenciam o movimento do mercado como um todo.
Boletim Focus
A prévia semanal das expectativas dos agentes econômicos divulgada pelo Banco Central (BC) às segundas-feiras confirmou a tendência das últimas edições. A projeção para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 voltou a melhorar. A expectativa agora é de uma retração de 4,50 por cento, levemente melhor que os 4,55 por cento de queda esperados na semana passada. Para 2021, a projeção é um crescimento de 3,45 por cento, melhor que os 3,40 por cento da edição anterior. A inflação esperada avançou para este ano e para o próximo. O IPCA previsto para 2020 subiu de 3,45 por cento para 3,54 por cento, e a estimativa para 2021 avançou de 3,40 por cento para 3,47 por cento.
Indicadores
O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas, recuou 2,1 pontos em novembro, para 85,4 pontos, registrando a segunda queda consecutiva. Em médias móveis trimestrais, o índice se manteve praticamente estável variando 0,1 ponto. Houve queda do ICS em 9 dos 13 segmentos pesquisados. O Índice de Situação Atual (ISA-S) variou 0,3 ponto, para 79,5 pontos, mantendo tendência crescente iniciada em maio em ritmo gradual. O Índice de Expectativas (IE-S), por sua vez, caiu 4,4 pontos, para 91,3 pontos, registrando a segunda queda consecutiva. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) do setor de serviços aumentou 1,8 ponto percentual para 83,1 por cento, o maior valor desde novembro de 2015 (83,2 por cento).
Impactos na prática
O movimento geral do mercado é positivo. No entanto, os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 estão iniciando a semana com leves quedas, em uma tentativa de realização dos lucros dos últimos dias. O mercado pode apresentar uma baixa pontual de curto prazo.