O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou o resultado do terceiro trimestre de 2020 nesta quinta-feira (5) antes da abertura do mercado. O resultado foi regular e veio um pouco abaixo do esperado em termos de lucro líquido e ROE.
O lucro líquido ajustado totalizou 3,5 bilhões de reais no trimestre, uma queda de 23,3 por cento em relação ao mesmo período de 2019 e aumento de 5,2 por cento em relação ao segundo trimestre de 2020.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 12,0 por cento no trimestre, queda de 6,0 pontos percentuais na comparação anual e praticamente estável em relação ao segundo trimestre de 2020 (ROE de 11,9 por cento).
As provisões prudenciais adicionais do Banco do Brasil para possíveis calotes (créditos de liquidação duvidosa) atingiram 2,0 bilhões de reais, estáveis em relação ao 2T20 e em linha com as provisões adicionais reportadas pelo Itaú (1,7 bilhão).
O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou controlado em 2,43 por cento, queda em relação ao 2T20 (2,9 por cento).
No lado negativo destaque para a queda na receita de prestação de serviços, com redução de 1,8 por cento de janeiro a setembro de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.
O destaque positivo foi o controle nas despesas administrativas: redução de 0,4 por cento em relação ao 2T20 e crescimento de apenas 1,7 por cento (abaixo da inflação) no acumulado dos noves primeiros meses de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.
Por último, a carteira de crédito apresentou crescimento de 6,4 por cento na comparação anual de janeiro a setembro de 2020, com destaque para o crescimento do crédito consignado (15,2 por cento) e das pequenas e médias empresas (17,9 por cento).
O resultado do BB veio um pouco abaixo das expectativas, assim, esperamos um impacto negativo no preço das ações (BBAS3) no curto prazo.
Acreditamos que o mercado antecipou um resultado trimestral um pouco melhor que o esperado para os grandes bancos no 3T20, o que se refletiu em bom desempenho das ações dos bancos em outubro: as ações do Banco do Brasil (BBAS3) chegaram a ter alta de 13,6 por cento, mas terminaram o mês valorização de apenas 0,6 por cento, comparado à queda de 0,69 por cento do Ibovespa no período.
O aumento da aversão ao risco, impulsionado por três principais fatores: eleições no EUA, segunda onda da Covid-19 e situação das contas públicas do Governo, derrubou o preço das ações dos bancos na última semana de outubro.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam queda de 41,8 por cento em 2020, comparado à redução de 18,8 por cento no Ibovespa no mesmo período.
Na nossa visão esse desempenho mais negativo no preço das ações do BB se deve:
i) ao aumento da concorrência;
ii) ao novo sistema de pagamentos (PIX) e;
iii) ao possível aumento de impostos a ser discutido no Congresso Nacional.
Existe uma sensação no mercado de que o pior momento da pandemia está ficando para trás, mas o BB manteve o mesmo nível de provisões prudenciais no terceiro trimestre.
O Banco do Brasil anunciou pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP) de 0,1948 reais, equivalente a um retorno líquido (de IR) de 0,55 por cento. As ações (BBAS3) serão negociadas “ex-JCP” em 17 de novembro, com pagamento do JCP em 27 de novembro.
Os principais catalisadores das ações do Banco do Brasil são:
i) a evolução dos índices de inadimplência;
ii) a redução de despesas operacionais e;
iii) o aumento da concorrência que coloca pressão na receita de serviços.
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