A SulAmérica (SULA11) apresentou o seu resultado referente ao terceiro trimestre na quinta-feira (12), após o fechamento dos mercados. Os números vieram bons e acima das expectativas em termos de índice de sinistralidade, lucro líquido e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE).
O principal destaque positivo foi a queda no índice de sinistralidade (que mede a relação entre os gastos associados aos planos dos beneficiários e os prêmios pagos), o qual saiu dos 79,4 por cento no 3T19 para 75,1 por cento no 3T20.
O resultado foi beneficiado pela conclusão da venda das operações de seguros de automóveis (para a Allianz) pelo preço final de 3,2 bilhões de reais, com resultado líquido extraordinário de 1,4 bilhões de reais no trimestre.
O lucro líquido recorrente das operações foi de 286 milhões de reais, crescimento de 40,1 por cento em relação ao mesmo período de 2019.
O ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) recorrente dos últimos 12 meses ficou em 17,3 por cento, em linha com o ROE do 2T20 (17,9 por cento) e do mesmo período de 2019 (17,2 por cento).
A receita operacional totalizou 5,06 bilhões de reais, crescimento 4,5 por cento em relação ao mesmo período de 2019, com destaque para o crescimento orgânico de 4 mil beneficiários nos planos de saúde em relação ao 2T20.
As despesas administrativas ficaram sob controle e representaram 7,1 por cento da receita líquida no trimestre (6,7 por cento no 3T19 e 7,3 por cento no 2T20).
No lado negativo o destaque foi a queda na rentabilidade do portfólio próprio, com resultado financeiro de apenas 14 milhões de reais, queda de 86,5 por cento em relação ao 3T19. O retorno da carteira foi de 72,8 por cento do CDI no 3T20 contra 105,6 por cento no 3T19 e 143,7 por cento no 2T20.
Essa queda na rentabilidade é explicada por três fatores: i) queda na taxa de juros; ii) desempenho negativo dos ativos de renda variável e; iii) perdas com ativos pós-fixados (LFTs) em setembro.
A companhia anunciou o pagamento de dividendos intermediários no valor de 343 milhões de reais, equivalente a 0,9077 reais por ação unit (SULA11), a serem pagos no dia 27/nov. O retorno em dividendos é de 2,2 por cento.
A parcela de juros sobre capital próprio (JCP) referente ao terceiro trimestre já anunciada (63,8 milhões de reais ou 0,1687 reais por ação, líquido de imposto de renda) também será paga em 27/nov.
Esperamos impacto positivo no preço das ações do tipo units da SulAmérica (SULA11), pois a companhia entregou resultados bem acima do esperado e ainda por cima anunciou distribuição de dividendos e pagamento dos juros sobre o capital próprio.
A companhia decidiu retornar aos acionistas parte do ganho com a venda das operações de seguro de automóveis, com um retorno total aos acionistas de 1 bilhão de reais divididos da seguinte forma:
i) juros sobre o capital próprio (JCP) anunciados anteriormente de 212 milhões de reais, com três parcelas trimestrais;
ii) dividendos intermediários de 343 milhões de reais e;
iii) programa de recompra de ações executado no valor de 445 milhões de reais.
O retorno total ao acionista em proventos (dividendos/JCP) e programa de recompra de ações atingiu 5,9 por cento.
A companhia utilizou parte dos recursos da venda das operações de seguros de automóveis para realizar a aquisição da Paraná Clínicas no valor de 385 milhões de reais, que adicionou 94 beneficiários ao portfólio da SulAmérica (4 por cento do total).
Gostamos desse movimento devido à diversificação geográfica para a região de Curitiba/PR, pois antes da aquisição a companhia era concentrada nos estados de São Paulo (63 por cento) e Rio de Janeiro (15 por cento).
O resultado do 3T20 da empresa, não intuitivamente, foi beneficiado pelo cenário pandêmico que acarretou uma melhora em algumas linhas do seu resultado, principalmente na parte de sinistralidades, devido à redução nas frequências de procedimentos eletivos (principalmente consultas, exames, internações e cirurgias).
Esperamos alguma elevação no índice de sinistralidade daqui para frente, mas acreditamos que a companhia, que agora está totalmente focada no segmento saúde, poderá continuar a manter baixa a sinistralidade na “nova normal”, com alta rentabilidade (ROE) e com geração de valor para os seus acionistas, combinando crescimento com distribuição de dividendos.
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