A Lojas Renner (LREN3) apresentou nesta quinta-feira (5), após o fechamento do mercado, seus resultados do terceiro trimestre. O resultado veio misto, com algumas linhas bem abaixo das expectativas, mas uma entrega de resultados positiva no segmento de varejo eletrônico.
Os principais destaques positivos foram: i) crescimento de 200 por cento nas vendas online, que representaram 16 por cento das vendas totais do varejo; ii) controle das despesas com vendas, gerais, e administrativas, com queda de 3,5 por cento na comparação anual.
Já os destaques negativos foram: i) desempenho da unidade de produtos financeiros, com queda na receita de 52 por cento; ii) resultado operacional (Ebitda) negativo e; iii) mais uma queda na margem bruta do varejo de 6,6 pontos percentuais.
A receita apenas da operação do varejo da Renner foi de 1.651 milhões de reais, 14,5 por cento a menos que no mesmo período do último ano. Considerando a receita líquida total (incluindo produtos financeiros), a receita foi de 1.790 milhões de reais, queda de 19,6 por cento na comparação anual.
O Ebitda, métrica utilizada para avaliar o potencial de geração de caixa das operações da companhia foi de 12,9 milhões de reais, considerando apenas o negócio de varejo. Na avaliação consolidada, o Ebitda veio negativo em 38 milhões de reais contra um Ebitda de 251,5 milhões de reais no 3T19.
Por fim o resultado líquido foi um prejuízo de 82,9 milhões de reais, revertendo o lucro de 186,7 milhões de reais no mesmo período do último ano.
Como se esperava, a Lojas Renner segue sendo bastante afetada pela pandemia da Covid-19. Acreditamos que o resultado não veio ruim, mas o recente “rally” das ações na bolsa (alta de 13,6 por cento nesta semana contra 7,2 por cento do Ibovespa) e um resultado mediano não darão respaldo para a continuidade do movimento de alta.
Dessa forma, esperamos uma correção no preço das ações LREN3 na sessão desta sexta-feira (6) na B3.
O grande destaque do resultado foi o detalhamento das operações do varejo eletrônico (online), tanto das estratégias/iniciativas como dos números. Foi a primeira vez que a Renner abriu qual o seu percentual de vendas oriundas do varejo eletrônico (16 por cento), bem acima do que imaginávamos (menos de 10 por cento). As vendas online cresceram 200 por cento no trimestre.
No segmento físico a companhia segue bastante afetada pela Covid-19. Atualmente todas as suas lojas estão operando, mas, no início do período, 31 por cento delas seguiam fechadas.
Além disso, a sua “super exposição” a shopping centers, com 94 por cento das suas lojas nestes locais, cujo desempenho segue abaixo das lojas de rua, também tem atrapalhado uma recuperação mais contundente. A fins de comparação, vemos o indicador de Vendas Mesmas Lojas, que exclui da análise as lojas abertas nos últimos 12 meses, caindo 17 por cento, enquanto a Hering, que já reportou seus números do 3T20, viu seu Vendas Mesmas Lojas recuar menos, cerca de 10 por cento.
Esta dinâmica de lojas fechadas, exposição a locais fechados afetou a sua margem bruta, que caiu de 54,3 por cento para 47,7 por cento. Para evitar a obsolescência dos estoques, a companhia teve de ser mais agressiva nos descontos na virada de coleção em julho.
A queda na margem bruta combinada com a desalavancagem operacional culminou em um Ebitda do varejo bastante magro, de apenas 13 milhões de reais, queda de 95 por cento na comparação anual. Embora o mercado já esperasse algo nesse sentido, é algo que chama atenção.
O prejuízo líquido foi devido tanto a piora no contexto operacional do varejo como pelo péssimo desempenho dos produtos financeiros, bastante prejudicados pela queda no movimento nas lojas.
Os principais catalisadores das ações da Lojas Renner são: retomada do movimento nas lojas físicas, em especial nos shoppings e a continuidade no crescimento das suas operações online.
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