A Irani apresentou seus resultados do trimestre na sexta-feira (30) no fim do dia, após o pregão. Este é o primeiro resultado da companhia após a sua oferta de ações (follow-on), marcando uma espécie de reestreia da companhia na bolsa, captando 405 milhões de reais e aumentando sua liquidez na bolsa e voltando aos radares do mercado.
Os principais destaques positivos do resultado foram:
i) Aumento de volume de vendas no segmento de Papelão Ondulado, mais uma vez acima do mercado, ganhando cada vez mais participação. O aumento neste trimestre foi de 12,7 por cento nas vendas em toneladas, comparado ao crescimento de 10,2 por cento do mercado.
ii) Crescimento de 9,4 por cento na receita líquida em relação ao 3T19, atingindo 261 milhões de reais, puxado pelo melhor volume de vendas explicadas no item i) e melhores preços de papel para embalagens e papelão ondulado, com preços acima do praticado pelo mercado.
iii) Lucro líquido de 25,5 milhões de reais, crescimento de 66,9 por cento em relação ao 3T19, com margem de 9,8 por cento contra 6,4 por cento na comparação anual. Esse aumento vem da melhora no resultado financeiro mais benigno, com a redução do custo da dívida e posição de caixa forte.
Já os principais destaques negativos são:
i) Redução no volume de vendas de Papel para Embalagens, devido ao maior uso de matéria-prima para fabricação de Papelão Ondulado (PO) com a demanda interna forte, limitando o volume de papel rígido, utilizado na fabricação de PO – mostra a limitação da capacidade produtiva da companhia.
ii) Ebitda (métrica de geração de caixa potencial da empresa) e sua margem ficaram estáveis, mesmo com melhora de volume geral de vendas e melhores preços, puxado pelo aumento das despesas de vendas e administrativas acima de 10 por cento no período analisado.
O resultado veio levemente positivo, com a empresa mostrando uma consistência em sua execução e ganho de participação no mercado, mesmo com limitação na capacidade de produção, evidenciado na oscilação do resultado no segmento de papel para embalagens (representa cerca de 35 por cento da receita total).
Esperamos um impacto levemente positivo no preço das ações (RANI3/RANI4) da companhia no curto prazo, auxiliado pela continuidade da retomada das atividades comerciais no Brasil. A companhia lidera o segmento de embalagens para vestuários e alimentícios.
A companhia obteve sucesso em sua oferta de ações (follow-on), com totalidade dos recursos indo para o caixa da companhia (oferta primária), de modo a investir em renovação e ampliação da sua operação, chamado de Plataforma Gaia.
O projeto visa modernizar seu parque industrial para reaproveitamento dos resíduos produzido e canalizados para suprir a demanda interna de energia, além da ampliação da capacidade de produção com a instalação de máquinas e equipamentos, visando o crescimento, acompanhado de diluição de custos fixos e menor dependência de aparas em sua produção de Papel.
Hoje as aparas representam cerca de 30 a 40 por cento dos custos de produção, com os preços e a disponibilidade desse material estando fora de controle da empresa, o que é negativo para a produtividade.
A Plataforma Gaia tem previsão de encerramento somente em meados de 2023, com ciclo longo de investimentos e em volume significativo em comparação ao balanço da companhia, totalizando aproximadamente 750 milhões de reais. É o principal gatilho de valorização das ações da companhia, de modo que a conclusão levará a produtividade e a geração de caixa para outro patamar, podendo mais que dobrar até 2025.
Os riscos são baixos apesar do grande volume de recursos alocado, devido à baixa complexidade, sendo basicamente a instalação e implementação de novos maquinários de grande porte em sua operação.
A empresa possui posição de caixa robusto, com 377 milhões de reais, com baixo endividamento (relação dívida líquida/Ebitda de 1,1 vez) e perfil de longo prazo (84 por cento do total da dívida). Além disso apresenta geração de caixa operacional consistente, com margens saudáveis.
Seguimos positivos com a tese de investimento, confiando que o crescimento forte após a conclusão da Plataforma Gaia apresenta uma assimetria positiva e ainda está longe da precificação no preço das ações.
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