Novo recorde de captações em 2019
Uma das frases mais repetidas no mercado é: “contra fluxo não há argumentos”. E não há nenhum argumento contra o fluxo de capital que chegou – e deve continuar chegando – aos pregões. Nos três primeiros trimestres deste ano, as emissões de ações foram de 57,6 bilhões de reais, incluindo aberturas de capital (Initial Public Offerings, ou IPOs) e ofertas subsequentes, (follow-ons). Para comparar: entre janeiro e setembro de 2018, o valor havia sido de 6,9 bilhões de reais, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que representa o setor. Na ponta do lápis, uma alta de 734 por cento. Isso mesmo, o volume cresceu mais de oito vezes.
E não deve parar por aí. A oferta de 2,3 bilhões de reais da Vivara deve ser seguida por outras emissões parrudas. Os bancos de investimento projetam mais 30 bilhões de reais até o fim deste ano. Essa é uma conta conservadora, que não inclui a venda das participações do BNDES na Petrobrás, Vale, Suzano e na JBS, só para citar algumas. Se confirmada, essa cifra fará com que 2019 registre um novo recorde em termos nominais. O pico das emissões ocorreu em 2007, quando foram captados 75,5 bilhões de reais. O entusiasmo vai além das ações. A emissão de títulos lastreados em ativos imobiliários e agrícolas também bateu um recorde. Foram emitidos 89 bilhões de reais entre janeiro e setembro, alta de 43 por cento ante os 62 bilhões de reais nos três primeiros trimestres de 2018.
Essa animação vale para além dos pregões. O resultado do primeiro dos três leilões do petróleo em águas profundas do litoral brasileiro, realizado ontem, surpreendeu pelo resultado. O governo arrecadou 8,9 bilhões de reais, bem acima da expectativa. Empresas que até agora haviam tido uma presença discreta, como a Petronas, da Malásia, e a QPI, do Catar, investiram 1,9 bilhão de reais cada uma. As petrolíferas chinesas não participaram, mas mesmo isso foi visto como um bom sinal. Elas estariam guardando munição para o mega leilão das reservas excedentes do pré-sal, marcado para 9 de novembro.
No mercado internacional, a sexta-feira segue com a mesma expectativa de toda a semana: as negociações entre Estados Unidos e China. Os encontros prosseguem hoje. O presidente americano Donald Trump e o vice-primeiro ministro chinês Liu He deverão se encontrar, e a esperança é que o encontro sirva para fechar essa rodada de negociações com chave de ouro. Os investidores ficaram empolgados. As ações subiram 1,15 por cento em Tóquio e 2,34 por cento em Hong Kong, e o índice europeu Euro Stoxx 50 caminhava para fechar em alta de 1,4 por cento. A única nota negativa que vale acompanhar é o petróleo. Os preços podem oscilar com notícias de que a Arábia Saudita teria explodido navios petroleiros iranianos no Mar Vermelho, voltando a aumentar a tensão no Oriente Médio.
E Eu Com Isso?
A chegada de todo esse dinheiro comprova o otimismo do mercado e deve garantir uma trajetória de alta para as ações no médio prazo, apesar dos solavancos ocasionais. As empresas se animaram a desengavetar os prospectos de IPO porque, ao conversar com seus banqueiros de investimento, perceberam que haveria demanda pelas ações. Claro, o caminho não é fácil. Algumas emissões, como a do banco BMG, foram adiadas várias vezes em 2018 pela falta de apetite do mercado. Agora, tudo indica que o banco mineiro finalmente vai tocar a campainha no pregão ainda neste mês. Outra oferta bastante aguardada é o follow-on do Banco do Brasil. O time de análise da Levante preparou um Relatório Completo sobre a operação. Clique aqui para acessar.