Vamos nos aproximando do fim de ano e, novamente, os escritórios da Faria Lima recebem rumores de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estaria a um fio de entregar seu cargo – reflexo da difícil agenda que vem sendo enfrentada no Congresso e as pressões por mais gastos em ano eleitoral.
Segundo assessores ligados à equipe econômica, o limite do economista seria a manutenção do teto de gastos. Sem ela, acredita-se que o Brasil sofreria graves consequências no campo inflacionário e fiscal, tornando inviável – até do ponto de vista ideológico – sua permanência à frente do ministério.
Com um IPCA acumulado em 12 meses acima dos 10%, a expectativa do ministério da Economia é de desaceleração do índice já neste fim de ano, assim como endereçamento da PEC dos Precatórios (que deve ser aprovada ainda nesta semana na Câmara) e da reforma do Imposto de Renda.
A partir dessas vitórias, seria possível engrossar o programa Bolsa Família e ainda garantir a continuidade da maior âncora fiscal brasileira.
Por isso, Guedes tem trabalhado de maneira incansável nos dois projetos, abrindo mão até de pautas caras ao mercado financeiro – como a Reforma Administrativa, que deve ficar pelo caminho devido ao calendário apertado e o surgimento de imbróglios inesperados. Na visão do ministro, há uma missão a cumprir ao proteger a responsabilidade fiscal e evitar que o país mergulhe em outra crise.
As pressões contrárias, porém, incomodam não apenas Guedes, como o ministério como um todo. A leitura é de que, após o caso Pandora Papers e a apuração de uma offshore de Guedes, o Centrão tem pressionado o ministro para que ele flexibilize as regras fiscais. Esse grupo teria até o apoio da ala militar do governo, insatisfeita com o crescimento tímido do País.
Por outro lado, a bancada evangélica também busca mais cargos comissionados e sugere a recriação do ministério da Indústria e do Comércio, hoje sob a alçada do ministério da Economia.
E Eu Com Isso?
Certamente, existe um cenário de estresse no que se refere à manutenção do teto, criação do Auxílio Brasil e manutenção do teto de gastos. Os mercados têm exigido mais prêmio de risco diante das incertezas, mas a postura do ministro da Economia evita projeções mais negativas.
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