Após a votação do Fundeb, cujo resultado acabou não agradando Bolsonaro e a equipe econômica, o governo deve modificar as suas lideranças na Câmara dos Deputados. A aprovação do Fundeb contou com votos favoráveis de praticamente todos os parlamentares, com exceção de alguns quadros bolsonaristas.
O governo, em um primeiro momento, se posicionava contra o aumento da contribuição do governo federal (de 10 para 20 por cento) no fundo, mas resolveu mudar a estratégia de última hora com o intuito de destinar parte destes recursos para o futuro programa de assistência social, o Renda Brasil. No final das contas, acabou não conseguindo nenhum dos dois objetivos.
Com o revés, agora o Planalto prevê que as negociações no Congresso sejam todas chanceladas pelo ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. O desentendimento entre a base aliada do governo também custou à deputada Bia Kicis (PSL-DF) o cargo de vice-líder do governo na Câmara.
Interlocutores do presidente também estudam trocar a liderança do governo, hoje ocupada pelo deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). O major é considerado um dos maiores apoiadores de Bolsonaro, mas sofre críticas de alguns deputados e até mesmo do general Ramos. Para o lugar de Vitor Hugo, o nome mais provável é o do deputado Ricardo Barros (PP-PR) – integrante do Centrão e ex-ministro da Saúde no governo Temer.
As mudanças nas lideranças de governo devem reforçar a articulação política do Executivo nas Casas, à medida que afasta quadros bolsonaristas considerados mais “radicais” para colocar deputados mais experientes e com melhor trânsito entre seus pares. Isso será fundamental para aumentar a base de apoio do governo no Congresso, nessa nova fase da relação entre os dois Poderes.
Quanto melhor a articulação, melhor para as pautas reformistas. Sob um ponto de vista pragmático, a notícia deve ser de menor relevância para o mercado, mas bem recebida. Se houver algum impacto no preço do Ibovespa hoje, ele será levemente positivo.
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