Diante da recusa do convite oficial à médica Ludhmila Hajjar, conforme antecipamos na newsletter desta segunda (15), o Planalto recorreu a outro nome da lista de médicos cotados para assumir o ministério da Saúde. Este, por sua vez, aceitou substituir o general Pazuello no comando da pasta.
Trata-se de Marcelo Queiroga, 55 anos, Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e membro da equipe de transição de governo na área da Saúde, em meados de 2018. O presidente Bolsonaro conhece o trabalho do médico e também havia o indicado para uma posição na diretoria da Agência Nacional de Saúde Suplementar, mas a aprovação de seu nome na Comissão de Assuntos Sociais do Senado acabou empacando durante a pandemia de Covid-19.
Queiroga será o quarto ministro da Saúde de Bolsonaro, após a saída de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich – ambos ministros que entregaram o cargo por divergências quanto à condução da política sanitária contra o coronavírus – e de Pazuello, que sofreu pressão para deixar o cargo após nova alta de casos e atrasos no programa de vacinação do País.
Queiroga defendeu, recentemente, a necessidade de aceleração da imunização no Brasil, que é uma referência pela sua capilaridade e agilidade quando o assunto é vacina. Para o novo ministro, essa é a melhor forma de combater o vírus – outros tratamentos, como a hidroxicloroquina, inclusive, não serão recomendados pois “não há consenso na comunidade científica”.
E Eu Com Isso?
Queiroga é apadrinhado do deputado federal e figura conservadora Enéas Carneiro, morto em 2007 aos 68 anos e foi considerado um “nome de grife”, pelo Planalto, por ser respeitado na comunidade médica. Para a sua aprovação, foi necessário o aval do Centrão, que veio por meio do presidente do PP e senador, Ciro Nogueira (PI).
Apesar de não ter tanto trânsito no Legislativo e no Judiciário como a médica Ludhmila Hajjar, Queiroga já teve experiências no mundo político e deve dar início (havendo esperança de que seu trabalho não sofrerá interferências) a uma postura mais agressiva do governo federal no combate ao vírus e, principalmente, às mortes que têm aumentado substancialmente nas últimas semanas.
A substituição também faz parte da mudança de estratégia do Planalto, que acendeu o alerta vermelho com o novo recrudescimento da pandemia e seus possíveis efeitos eleitorais, à medida que o ciclo das eleições deve começar, oficialmente, já no final de 2021. Logo, o nome de Queiroga deve ser bem recebido, no geral, e pode impulsionar, ainda que de modo secundário, o pregão desta terça-feira (16).