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Mercado está buscando patamar de acomodação

Mercado está buscando patamar de acomodação

Contra preços não há argumentos. Por isso, a indicação definitiva do sentimento dos investidores são os índices de ações. Olhando os números do início do dia, a sensação é que essa entidade conhecida como mercado está procurando uma nova base de acomodação. Esta segunda-feira (30) é o primeiro começo de semana em quase um mês em que os contratos futuros do S&P 500 não testaram os limites máximos de baixa. Nas últimas semanas, esses contratos começavam o pregão desabando, em geral reagindo às notícias ruins do fim de semana anterior. No entanto, a semana começa com cautela e oscilações mais modestas, apesar da liquidez abaixo da média.

Na noite do domingo (29), quando o mercado futuro de S&P 500 abriu na Ásia, as cotações chegaram a cair quase 1 por cento devido à notícia de que o presidente americano Donald Trump havia postergado o isolamento social até o dia 30 de abril, abandonando a ideia de religar a economia americana após o domingo de Páscoa. No entanto, os contratos estão oscilando pouco, e operam próximos à estabilidade. O mesmo movimento pode ser notado em diversos pregões na Ásia e na Europa. Na Coreia do Sul, o índice Kospi está em uma leve queda de 0,04 por cento e o índice SSE da Bolsa de Xangai recua 0,9 por cento. Na Alemanha, o Dax está em baixa de 0,34 por cento e o FTSE cai um pouco mais, recuando 1,49 por cento.

Apesar de danosa para a economia no curto prazo, a decisão de Trump deve ser benéfica em prazos mais longos. Um estudo de economistas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) avaliou os números da epidemia de gripe de 1918-1920 e constatou duas coisas. Uma, já esperada, que as cidades americanas que se anteciparam nas medidas de isolamento, e aquelas que tomaram as medidas mais severas, tiveram o menor número de vítimas. Outra conclusão, menos óbvia à primeira vista, é que a economia dessas cidades também retornou mais depressa aos níveis anteriores à pandemia. Com isso, e com as fortes medidas de auxílio econômico dos governos anunciadas nos últimos dias, já é possível antever um cenário depois que o pior momento da crise for superado. Somados às medidas de contenção, os pesados estímulos econômicos que vem sendo concedidos pelos governos em diversos países vão começar a surtir efeito e seus resultados na economia passarão a ser notados. Na manhã desta segunda-feira, segundo o The Wall Street Jour
nal, o governo chinês anunciou que, após dois meses de paralisação, “praticamente todas as principais indústrias chinesas” retomaram suas atividades.

Na sexta-feira, Paulo Guedes, ministro da Economia, afirmou que, passada a crise, as reformas voltarão à agenda. O ministro comparou o efeito da epidemia na economia como um desastre natural, que causa um desequilíbrio fiscal no curto prazo, mas que deve ser ajustado após o pior ter passado. Ele afirmou que, após ter controlado a epidemia, o governo vai buscar destravar reformas importantes como as reformas administrativa e tributária, a privatização e o marco legal do saneamento básico.

Não se deve minimizar a importância dos indicadores negativos e da deterioração das expectativas. São notícias ruins, sob qualquer ponto de vista. No entanto, elas precisam ser colocadas em perspectiva. A queda na atividade econômica será forte e intensa, mas a conjugação entre os pacotes de ajuda econômica, a pesquisa de vacinas e as medidas de contenção e de profilaxia poderão encurtar o período de retração da economia.

INDICADORES – O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 1,24 por cento em março, percentual superior à deflação de -0,04 por cento de fevereiro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice acumula alta de 1,69 por cento no ano e de 6,81 por cento em 12 meses. Em março de 2019, o índice havia sido de 1,26 por cento e acumulava alta de 8,27 por cento em 12 meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 1,76 por cento em março, após cair de 0,19 por cento em fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,12 por cento em março, após alta de 0,21 por cento em fevereiro. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,38 por cento em março, ante 0,35 por cento no mês anterior.

A edição mais recente do relatório Focus, publicada nesta segunda-feira (30) mostra que o mercado financeiro já colocou a retração da economia nas contas. As estimativas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) estão negativas pela primeira vez desde 2017. Agora, o prognóstico do mercado para o ano é de uma retração de 0,48 por cento. Na semana passada, a projeção era de um crescimento de 1,48 por cento e, há quatro semanas, mantinha-se o prognóstico de aumento de 2,17 por cento no PIB.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) da FGV caiu 11,6 pontos em março para 82,8 pontos. A queda no primeiro trimestre foi de 13,4 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 4,5 pontos. A variação negativa do ICS impactou todos os 13 segmentos da pesquisa. O Índice de Situação Atual (ISA-S) caiu pelo terceiro mês consecutivo. A queda de 5,0 pontos levou o indicador a atingir 85,2 pontos, o menor nível desde os 84,7 pontos de dezembro de 2017. O Índice de Expectativas (IE-S) apresentou uma forte queda de 18,1 pontos, para 80,8 pontos, o menor patamar desde os 78,0 pontos de junho de 2016. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) do setor de serviços caiu 0,9 ponto percentual para 82 por cento, após duas altas consecutivas.

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