Na sexta-feira (04) vai ocorrer o leilão para privatização da Companhia Energética de Brasília, também conhecida como CE. Nele será vendida a subsidiária CEB-D, responsável pela distribuição de energia para mais de 3 milhões de pessoas no Distrito Federal.
Na manhã de quarta-feira (02) saiu a notícia de que mais uma empresa está na disputa pelos ativos. A Neoenergia (NEOE3) entrou no grupo de interessados que já conta com a Equatorial (EQTL3) e a CPFL (CPFE3). A surpresa é a falta da Enel, empresa italiana com forte atuação no setor brasileiro, que considerou elevado o preço mínimo de 1,4 bilhão de reais.
Nos últimos anos a CEB-D não vem conseguindo cumprir metas regulatórias junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A companhia vem acumulando prejuízos e elevando seu endividamento nos últimos anos, tornando-se incapaz de realizar os investimentos necessários em sua infraestrutura.
A empresa tem pressa para finalizar a venda da subsidiária, isso porque essas restrições podem fazer com que ela não cumpra certas condições para manter a concessão de 30 anos, iniciada em 2015, para atuar no Distrito Federal.
Impactos na prática
A entrada da Neoenergia no leilão deve trazer impacto ligeiramente positivo no preço das suas ações (NEOE3) para o pregão desta quarta-feira (02), porém esperamos que movimentos mais significativos ocorram somente após que um vencedor seja anunciado. Vemos neste leilão uma oportunidade para as empresas de distribuição de energia elétrica crescerem de maneira inorgânica (através de aquisições).
Esperamos que o poder público facilite e acelere o processo, porque caso a CEB-D não seja vendida, estima-se que o Governo Federal teria um prejuízo próximo a 1 bilhão de reais. Isso pode ocorrer caso o processo de extinção de da concessão se inicie, o que automaticamente bloquearia a venda do controle da subsidiária.
Apesar da atratividade dos ativos, é importante ressaltar que o leilão ainda possui alguns riscos, já houve a tentativa de parte de cinco deputados da oposição em bloquear a venda no Supremo Tribunal Federal (STF). Essas tentativas ainda não obtiveram nenhum sucesso, porém consideramos como um risco principalmente para a CEB.
Acreditamos que das três interessadas (Equatorial, Neoenergia e CPFL), a Equatorial tem mais experiência em fazer “turnaround” nas empresas de distribuição de energia elétrica que adquire. A Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola, também poderá entrar com apetite no leilão, enquanto a CPFL “corre por fora”. As três empresas têm posição confortável de endividamento.