Denise Campos de Toledo EECI

IPCA mais alto mexe com as expectativas para o Copom | Denise Campos de Toledo

A inflação mais alta que o previsto reforçou as especulações quanto ao ritmo de ajuste da Selic. Já se esperava um avanço mais forte do IPCA em maio, pela mudança na bandeira tarifária de energia para a vermelha nível 2. Só que a alta de 0,83%, superou bem a média das projeções.

O índice mostrou aumentos mais generalizados, com algumas surpresas, como a alta da gasolina e da alimentação fora do domicílio. O fato é que a persistência das pressões inflacionárias, ainda que o dólar tenha dado alguma trégua, traz preocupações não só para este ano, mas também para 2022. 

Esse avanço mais recente do IPCA só tende a reforçar as revisões pra cima, das projeções para o índice, referência da meta, que já vêm sendo registradas no relatório Focus há várias semanas.

Esse movimento, por outro lado, leva a questionamentos maiores quanto a política de juros do Banco Central. Parece certo que na reunião da semana que vem o Copom confirme a sinalização de mais um aumento de 0,75 pp na Selic, que iria s 4,25% ao ano. A expectativa agora é quanto ao comunicado que virá junto com a decisão, se manterá a indicação de uma normalização parcial dos juros.

É por aí que ganham força os questionamentos. Diante do avanço do IPCA, além da forte pressão ainda registrada pelos IGPs, influenciados por aumentos fortes do atacado, parte do mercado defende uma normalização total dos juros, que poderia levar a taxa básica para 6,5% ainda neste ano ou até mais.

Nesse contexto de discussões quanto à política monetária, ainda se considera a revisão, também para cima, das projeções de expansão da economia, que pode dar espaço para mais repasses de aumentos de custos para o varejo, fora a recomposição de margens de ganho.

A própria pressão do custo da energia, diante da crise hídrica tende a ser um fator de pressão ao longo do ano, assim como a manutenção dos preços das commodities em patamar mais alto no exterior.

Enfim, a inflação se mantém rodando acima do previsto e já começa a afetar as previsões também para o próximo ano.

Nas análises da atual conjuntura ainda restam incertezas fiscais e em relação às reformas, por mais que as contas públicas também tenham surpreendido, positivamente, e sejam favorecidas até pela combinação de inflação e PIB mais altos. Só que não ocorreram mudanças estruturais e há pontos em aberto, como a provável prorrogação do auxílio emergencial.

Mesmo que seja extra teto, não ajuda a dar maior confiança quanto à evolução das finanças públicas. E esse é um ponto sempre citado pelo Copom, além do próprio comportamento da inflação. Sendo que as reformas, da maneira como vem sendo encaminhadas, podem até reforçar o ânimo do mercado, mas não a ponto de criar perspectivas mais positivas, de curto e médio prazos, para o ajuste das finanças.

O fato é que, por mais que o ambiente econômico esteja mais favorável, ainda há muitas incertezas, entre elas a inflação, que pode levar a uma reorientação da política de juros. Isso pode nem ter maior impacto sobre a Bolsa, mais focada nos indicadores de atividade. Juros mais altos, por outro lado, tendem a ajudar a acomodar o dólar, ao assegurar maior fluxo de recursos. Porém pode ter implicações sobre a evolução de setores que dependem mais do crédito.

Agora é aguardar a reunião da próxima semana pra ver se o Copom mantém a leitura de que as pressões inflacionárias ainda são passageiras e a normalização parcial dos juros será suficiente ou não para garantir a convergência das projeções para a meta do próximo ano. Boa parte do mercado já aguarda um comunicado mais pesado e talvez até a retirada dessa indicação de normalização parcial, indicando que os ajustes da Selic possam ir além do previsto para este ano.

A Coluna da Denise Campos é publicada toda sexta-feira em nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.

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Leia mais da Denise Campos de Toledo: Em meio à onda otimista, melhor manter alguma cautela.

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