A sexta-feira começa com a divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de 0,72% em julho, levemente abaixo do 0,83% de junho, mas acima das expectativas.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o índice foi puxado pela alta de 4,79% nos preços da eletricidade. Com o resultado, a prévia da inflação teve a maior alta para o mês desde 2004, quando atingiu 0,93%.
O resultado de julho foi inferior ao de junho, mas superou as expectativas, que eram de 0,65%.
Esse resultado mostra que os preços seguem pressionados e que isso está deixando de ser um fenômeno pontual.
Só para recordar: há dois grandes grupos de índices de inflação.
O primeiro grupo é o dos índices ao consumidor, que medem a variação dos preços de cestas de consumo das famílias.
No caso do IPCA, o IBGE definiu a cesta de consumo das famílias com renda de um até 40 salários-mínimos (R$ 1,1 mil a R$ 44 mil) e acompanha a variação de seus preços em base nacional.
O segundo grupo é o dos índices gerais. Além dos preços ao consumidor, eles medem a variação dos preços de matérias primas e outros insumos básicos da indústria. Em alguns casos, medem também a variação dos custos da construção civil.
De volta à notícia.
A variação do IPCA mostra que a variação dos preços ao consumidor segue rodando acima do que foi esperado inicialmente pelo Banco Central.
Na edição mais recente do RTI (Relatório Trimestral de Inflação), principal publicação do BC sobre o tema, os prognósticos são de uma alta de preços de 5,80% neste ano e de 3,5% para 2022.
No entanto, é bem provável que esse número seja revisto para cima nas próximas edições do Relatório.
Os preços de itens importantes na cesta de produtos, como os serviços, seguem sendo reajustado abaixo dos demais agregados. No entanto, isso deve mudar com o avanço na vacinação e a reabertura da economia.
Já os chamados preços administrados – basicamente tarifas de serviços públicos, como eletricidade e gás – têm estado pressionados tanto pela crise hídrica quanto pelo dólar em alta.
Os preços dos alimentos, que foram os principais responsáveis pela alta de preços em 2020 (quem não se lembra da alta dos preços do arroz?), estão desacelerando, mas permanecem acima das médias históricas.
A proteína animal, que tem uma participação relevante na cesta de consumo do brasileiro, deve permanecer estruturalmente cara.
Além disso, o câmbio favorável ao exportador seguirá mantendo os preços dos bens duráveis comercializáveis (os “tradeable”) em alta.
Ou seja, há múltiplas pressões para manter os preços em alta, e isso deve continuar influenciando os juros ao longo dos próximos meses.
IPC-S
O IPCA-15 não foi o único índice desta sexta-feira (23).
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) da terceira quadrissemana de julho de 2021 subiu 0,90% e acumula alta de 8,73% nos últimos 12 meses, informou a Fundação Getulio Vargas.
A maior contribuição partiu do grupo Habitação. Os preços subiram 1,77%, ante 1,45% da semana anterior.
Nesta classe de despesa, cabe mencionar o comportamento do item tarifa de eletricidade residencial, cuja taxa passou de 4,88% para 6,28%.
E Eu Com Isso?
A sexta-feira começa com os contratos futuros do índice S&P 500 em alta, na expectativa de um número positivo do PMI nos Estados Unidos, que deve ser divulgado nesta manhã.
Isso eleva levemente os contratos futuros do Ibovespa, embora resultados abaixo do esperado possam agitar os mercados.
As notícias são positivas para a bolsa em um cenário de volatilidade.
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