A semana começa com um movimento generalizado de alta nas ações. Na Ásia, a alta mais modesta foi do índice coreano Kospi, que avançou 1,3 por cento, e a mais vigorosa foi na bolsa de Tóquio, onde o índice Nikkei fechou com alta de 2,1 por cento e 24.839 pontos, maior fechamento em 29 anos. As altas também são registradas na Europa, onde o índice inglês FTSE de 100 ações superou 6 mil pontos pela primeira vez em quatro semanas. Os contratos futuros de índices americanos e os American Depositary Receipts (ADR) de ações brasileiras também estão em alta (LEIA MAIS ABAIXO).
O que animou os investidores foi o resultado das eleições americanas. A vitória do democrata Joe Biden não foi acompanhada de uma retomada do Senado pelo partido vencedor. Com isso, haverá menos probabilidade de o Executivo americano conseguir fazer muitas alterações fiscais. É menor, portanto, a probabilidade de criação de estímulos fiscais ou de elevação dos tributos sobre as empresas e os cidadãos americanos de renda mais alta. A conclusão lógica dessa afirmação é que a maneira de conter os efeitos danosos da pandemia do coronavírus sobre a economia é o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continuar mantendo os juros perto de zero e praticando uma política monetária expansionista.
Outro motivo para a alta dos preços foi a confirmação, pelo laboratório Pfizer, do sucesso de uma vacina contra o coronavírus. A empresa, que desenvolveu a vacina em parceria com a farmacêutica alemã BioNTech, divulgou poucos detalhes de seu ensaio clínico. A Pfizer informou que a análise dos resultados concluiu que a vacina era mais de 90 por cento eficaz na prevenção da doença entre os voluntários dos testes, que não tinham evidência de infecção anterior por coronavírus.
Política expansionista e uma vacina viável contra o coronavírus é tudo o que os investidores queriam ouvir. Essas notícias poderão justificar um novo movimento de alta nos preços dos ativos ao redor do mundo. No entanto, esse movimento poderá ser mais limitado no Brasil devido à ameaça de insegurança fiscal. Apesar de as atividades parlamentares terem perdido ímpeto devido às eleições municipais, cujo primeiro turno ocorrerá em sete dias, ainda não está garantida a permanência do teto de gastos aprovado em 2016, visto como o grande fiador da estabilidade das contas públicas. Com o teto de gastos em risco, encolhe a certeza dos investidores com relação à estabilidade fiscal, o que compromete uma alta sustentada nos preços dos ativos brasileiros.
RELATÓRIO FOCUS – A edição do Relatório Focus desta segunda-feira (9) trouxe poucas novidades. Os prognósticos de inflação subiram para 3,20 por cento para este ano, acima dos 3,02 por cento da semana anterior, mas ainda abaixo do centro da meta prevista para 2020. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) manteve-se praticamente inalterada, com os prognósticos de uma queda de 4,80 por cento ante a retração de 4,81 por cento do levantamento anterior. O dólar previsto para dezembro permaneceu em 5,45 reais e a taxa referencial de juros Selic para o fim de 2020 segue em 2 por cento ao ano.
INDICADORES 1 – A inflação desacelerou no início de novembro. O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) da primeira semana do mês indicou uma inflação de 0,59 por cento até o dia 7 de novembro, queda de 0,06 ponto percentual abaixo da medição anterior. Com este resultado, o indicador acumula alta de 3,69 por cento no ano e 4,49 por cento nos últimos 12 meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). A alta dos preços desacelerou em quatro das oito classes de despesa, em especial Educação, Leitura e Recreação (alta de 0,89 por cento ante 1,81 por cento na medição anterior) e Alimentação (alta de 1,55 por cento ante 1,69 por cento na semana anterior).
INDICADORES 2 – O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) da FGV subiu 2,9 pontos em outubro, para 84,9 pontos. Apesar da sexta alta consecutiva, há uma desaceleração na recuperação do indicador desde julho. Em médias móveis trimestrais, o IAEmp avançou 6,3 pontos, para 80,6 pontos. Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) se manteve estável pelo segundo mês consecutivo, permanecendo com 96,4 pontos em outubro. Em médias móveis trimestrais houve recuo de 0,3 ponto, para 96,4 pontos. O ICD funciona como a taxa de desemprego: quanto menor o número, melhor o resultado.
A semana promete se iniciar com fortes altas nos preços dos ativos brasileiros e americanos. Os contratos futuros de Ibovespa indicam uma alta de cerca de 4 por cento, os ADRs de ações brasileiras no Exchange Traded Fund (ETF) Ishares MSCI Brazil estão subindo 3 por cento e os contratos futuros de S&P 500 avançam 3,5 por cento.
–
* Este conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara as notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.