O Grupo Pão de Açúcar, que possui as redes Pão de Açúcar, Extra e Assaí, anunciou na quarta-feira (18) que vai acelerar suas iniciativas digitais em 2021. O grupo pretende lançar um serviço de logística para os lojistas em suas plataformas de marketplace já no primeiro trimestre do ano que vem e também uma carteira digital, essa ainda sem data definida.
O GPA também destacou que estuda novas formas de monetizar sua base lojista através de publicidade em seu canal online, com ações de marketing específicas para cada tipo de consumidor.
O marketplace da companhia começou a funcionar somente em novembro, com cerca de 100 lojistas nas plataformas das marcas Extra e Pão de açúcar. Os produtos variam entre as categorias “pet”, brinquedos, itens de decoração entre outros. Em três meses, a companhia pretende alcançar 30 mil itens adicionados, chegando a 400 mil em 12 meses. O total de vendas online projetado, incluindo tanto o marketplace quanto as vendas próprias, é de 1 bilhão a 1,2 bilhão de reais em 2020.
A notícia é positiva para o GPA (PCAR3) e por isso esperamos impacto positivo no preço das ações (PCAR3) no curto prazo. O grupo começou a reconhecer a necessidade de se reinventar em um cenário de pandemia com a competição e a demanda por entregas aumentando.
O grupo já vem crescendo em algumas frentes no canal digital como o James Delivery (app de entregas last mile), o programa de pontos Stix (em parceria com a RaiaDrogasil – RADL3) e o app Meu Desconto.
O movimento acontece numa tentativa de melhorar a rentabilidade da operação “Multivarejo”, das bandeiras Pão de Açúcar e Extra, que vem passando por reestruturação de portfólio, reformas em lojas e/ou troca de bandeiras por alternativas mais rentáveis dentro do grupo, e agora irá ser integrada dentro dessa operação de comércio eletrônico.
É importante lembrar que foi anunciada a cisão do Assaí, e listagem em bolsa das operações de forma separada, e que, portanto, essa operação não será focada no braço de Atacado.
Enquanto o Grupo Pão de Açúcar iniciou seu marketplace em novembro deste ano, o Carrefour já opera neste modelo desde 2016 com mais 3,5 mil lojistas e já vendeu R$ 480 milhões de reais até setembro de 2020. Apesar de ainda não oferecer serviços aos seus lojistas, é um indicativo do atraso do GPA na plataforma digital.
Além disso, players do varejo com forte presença digital já se mostram interessados no mercado de alimentos, o Magazine Luiza informou, semanas atrás, que esta é a categoria que mais cresce na empresa e que já armazena produtos de supermercado em suas lojas. A B2W também tem olhado para o setor a certo tempo, em janeiro comprou a plataforma Super Now, que hospeda lojas de supermercado, e durante a pandemia fechou acordo com o Grupo Big (ex-Walmart).
Temos visão positiva sobre o movimento em direção ao digital, porém começamos a ver que o mercado no longo prazo se tornará cada vez mais competitivo. Na nossa visão os players mais digitais como Magalu e B2W, são uma ameaça mais forte do que a competição com player tradicionais, uma vez que esses sim já conseguem fazer entregas em tempos mais curtos e com uma melhor experiência para os clientes.
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