De acordo com informações de mercado, o Google (GOOG) está desenvolvendo tecnologia própria de processadores utilizados em notebooks e tablets: mais um sinal de que os principais fabricantes/desenvolvedores de tecnologia enxergam o investimento e desenvolvimento interno de chips como fundamentais para sua competitividade.
As estimativas prévias são de que os seus dispositivos já contem com as CPUs próprias em 2023. Outra novidade é que a companhia também está intensificando seus esforços para construir processadores móveis para seus smartphones “Pixel” depois de anunciar que usará chips internos pela primeira vez em sua próxima série “Pixel 6”.
O foco da companhia no desenvolvimento de seus próprios chips surge no momento em que seus rivais globais buscam uma estratégia. Amazon, Facebook, Microsoft, Tesla, Baidu e Alibaba Group Holding estão competindo para construir seus próprios semicondutores, fornecendo a tecnologia necessária de para seus serviços em nuvem e produtos eletrônicos de maneira mais independente.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que a notícia é positiva para os acionistas do Google e que o mercado deve apreciar a iniciativa da companhia. Porém, enxergamos um impacto bastante limitado no preço das ações GOOG no curto prazo, visto que os benefícios com os respectivos investimentos devem ser sentidos apenas a médio prazo. Além disso, a entrada em um setor com elevado grau de consolidação e dominado por grandes players é um risco para o sucesso do projeto.
A indústria de semicondutores vem sendo comparada ao petróleo de décadas atrás, pois, em uma economia cada vez mais sedenta e dependente de tecnologia e conectividade, a sua escassez significa uma grande ameaça para os níveis de produção dos países. Nesse contexto, as empresas têm buscado maior autonomia e até alguma verticalização. Com isso, atenuam o risco do “xadrez geopolítico” que pode se intensificar nos próximos anos.
O Google possui mais de 100 bilhões de dólares em caixa líquido, o que a permite adentrar em praticamente qualquer mercado que ela julga ser estrategicamente importante. Além disso, o custo de capital próprio e de terceiros segue em patamares bastante baixos, favorecendo ainda mais o cenário para novos projetos, algum sacrifício na margem operacional e/ou aumento do CapEx.
Apesar de ter desenvolvido o sistema operacional para celulares mais utilizado no mundo (Android), a companhia não conseguiu catapultar o mesmo sucesso nos seus dispositivos móveis. Segundo relatórios setoriais, foram vendidos 7 milhões de smartphones “Pixel” em 2019, mas apenas 3,7 milhões de aparelhos no ano seguinte, auge da pandemia.
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