Semana azeda nos mercados
A segunda-feira (17) que iniciou a penúltima semana para os mercados em 2018 foi bem agitada. O dia teve sinais mistos depois que o medo de uma desaceleração global contaminou os mercados na sexta-feira (14) após dados fracos da China e também na Zona do Euro. Já na economia local, o destaque ficou por conta do IBC-Br de novembro divulgado pelo Banco Central: o número, que é a prévia do PIB, mostrou alta de +0,02 por cento, surpreendo positivamente (visto que o esperado era uma queda de -0,10 por cento).
Na terça-feira (18) foi divulgada a ata do Copom, com a confirmação da tendência de que a Selic deverá ficar neste patamar por mais tempo devido ao fato de a inflação estar sob controle, a economia mais fraca e a maior confiança na condução das reformas necessárias, o que diminui o balanço de riscos.
Após a derrocada de quarta (19), o dia é marcado por sinais mistos nos principais mercados internacionais: há uma queda nos mercados que estavam fechados na hora do pronunciamento do Fed e uma recuperação para os mercados que estavam abertos no momento. Mais do que o aumento já amplamente esperado de 0,25 por cento que se materializou, a preocupação dos mercados ficou por conta da fala do presidente do Fed, que desanimou os mercados ao planejar mais altas para o próximo ano. E a falaa foi praticamente uma afronta ao Trump, que é contra esta postura em meio à redução da liquidez e desaceleração global.
Por aqui, uma pesquisa internacional da Bloomberg mostrou na quinta (20) o Brasil como o país emergente mais queridinho para ações, títulos de dívida e moeda com ótimas perspectivas para os próximos anos, uma boa notícia para nós.
Na sexta-feira (21) as tensões comerciais entre EUA e China persistirm e, além disso, há a possibilidade de paralisação (shutdown) do governo norte-americano após Trump desafiar o Congresso e rejeitar o acordo para evitar essa parada. Aqui no Brasil, o índice de preços (IPCA-15) apontou uma deflação de 0,16 por cento, maior do que o esperado. Com isso, a inflação deverá fechar em torno de 4 por cento – abaixo da meta de 4,5 por cento.
E Eu Com Isso?
A última semana antes do Natal foi um verdadeiro banho de sangue nos mercados mundiais. O principal fato que atrapalhou as Bolsas pelo mundo foi a fala do presidente do Fed, que não deu a notícia que todos esperavam. Outros fatores negativo que atrapalharam os índices foram a crise interna nos EUA e a queda do petróleo. Com isso, o mês de dezembro tem tudo para fechar no vermelho pelo mundo.
Marco Aurélio Mello manda soltar presos, mas Toffoli veta
O ministro do STF, Marco Aurélio Mello, determinou na quarta-feira (19) que todos os presos que estão cumprindo a pena provisória em razão de condenações após a segunda instância na Justiça fossem soltos. A liminar do ministro afirmou que não existe margem para outra interpretação senão a de que o sujeito só pode ser preso após o esgotamento de todas as instâncias, indo na contramão do entendimento do próprio plenário e de colegas do STF.
A medida atingiria, entre outros vários presos, o ex-presidente Lula. No entanto, a soltura não seria automática, sendo necessário um pedido da defesa para que o juiz responsável libere o seu prisioneiro. A Procuradoria Geral da República entrou com agravo (recurso) questionando a decisão de Marco Aurélio, e o presidente do STF, Dias Toffoli, revogou a medida ontem mesmo: ele pode o fazer sozinho, uma vez que o Supremo entrou em recesso ontem e somente funciona agora em regime de plantão, sendo Toffoli o responsável por tomar decisões em caráter de urgência.
E Eu Com Isso?
Apesar da notícia não ter impactado muito o mercado brasileiro na tarde de ontem, ela é mais um episódio de insegurança jurídica advinda do STF. A decisão de Marco Aurélio, apesar de legítima, tem toques de manobra política – o que não caberia em um órgão jurídico e de interpretação constitucional. Constrangido, Toffoli vetou por entender o descabimento da decisão de seu colega. De qualquer maneira, não será o fim da longa polêmica sobre prisão em segunda instância.
Guedes quer definição sobre Previdência
Na reta final do governo de transição, a equipe econômica do governo Jair Bolsonaro vai concentrar seus esforços para definir qual será o projeto para reformar a Previdência Social ano que vem, assim como a estratégia para alcançar o número mínimo de votos para aprovação no Congresso. Guedes e sua equipe querem a proposta pronta até fevereiro, quando se inicia nova legislatura dos parlamentares.
E Eu Com Isso?
A reforma será o grande tema para o investidor no ano de 2019 – e não deve ser matéria trivial. O futuro governo vem adotando bastante cautela no tema para não queimar nenhuma possibilidade de antemão. Uma das decisões a serem tomadas é se o projeto que será apresentado será novo ou se Guedes optará pelo reaproveitamento da reforma de Temer, enviada em 2016. O projeto de Temer não seria tão ambicioso quanto o futuro ministro da Economia gostaria, mas remediaria rapidamente o problema com as aposentadorias.
Bloco de oposição formado
Em declaração conjunta nesta quinta-feira (20), PDT, PCdoB e PSB formalizaram aliança de oposição ao governo de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. O PT ficou de fora. Somadas as siglas, o bloco conta com 69 deputados e pretende manter independência em relação ao PT, que terá a maior bancada da casa, com 56 deputados.
E Eu Com Isso?
O bloco diz, em nota, que se forma por meio de uma caminhada de partidos com identidade histórica para barrar retrocessos que sejam pautados na Câmara dos Deputados, como a Reforma da Previdência. Contando com o PT e essa nova aliança, a oposição agora tem 125 deputados, o que seria insuficiente para barrar qualquer PEC – uma vez que são necessários 308 votos favoráveis para aprovação e, tirando a oposição, resta ainda uma boa margem de 388 parlamentares.
Petrobras (PETR3 e PETR4) – Juros sobre capital próprio
A Petrobras anunciou pagamento de juros sobre o capital próprio no montante de 4,3 bilhões, equivalente a 0,70 reais por ação preferencial e 0,05 reais por ação ordinária.
As ações serão negociadas “ex-JCP” a partir de 26 de dezembro e o pagamento ocorrerá em até 60 dias após a data da Assembleia Geral Ordinária (AGO), marcada para 25 de abril de 2019.
E Eu Com Isso?
Esperamos impacto levemente positivo para as ações da Petrobras no curto prazo, pois o retorno em dividendos/JCP é de 3,2 por cento para as preferenciais (PETR4).
No entanto, acreditamos que o principal catalisador para as ações da Petrobras no curto prazo é o preço do petróleo. A commodity fechou em forte queda e derrubou o preço das ações da Petrobras (PETR4) em 3,8 por cento, maior queda do Ibovespa na terça-feira (18).
O petróleo do tipo WTI fechou em forte queda de 7,2 por cento aos 46,60 dólares por barril e o tipo Brent caiu 5,62 por cento aos 56,26 dólares por barril.
A queda no preço do petróleo é reflexo da produção recorde de óleo nos EUA e do aumento do nível de estoques mundiais. Dessa forma, os preços do petróleo atingiram as menores cotações em mais de um ano.
Santander (SANB11) – Aquisição de participação na Getnet
O Santander anunciou a aquisição de participação de 11,5 por cento do capital da Getnet por 1,43 bilhão de reais, e agora passará a deter 100 por cento da empresa.
Os acionistas minoritários da Getnet, Manzat Inversiones e Guilherme Alberto Berthier Stumpf, exerceram uma opção de venda da sua participação ao banco Santander.
A Getnet possui 13,2 por cento de participação de mercado em termos de volume de transações com cartões de crédito e débito no país.
E Eu Com Isso?
A notícia é ligeiramente positiva para o Santander, no entanto, esperamos impacto neutro no preço das ações (SANB11) no curto prazo devido ao tamanho da operação em relação ao tamanho do banco.
O Santander comprou a Getnet em 2014 por 1,1 bilhão de reais e, desde então, a Getnet mais do que dobrou a sua participação de mercado. Na guerra das maquininhas, a Getnet tem uma base de 900 mil unidades, comparada à Cielo com 1,5 milhão e a Rede que tem 1,1 milhão de maquininhas.
A Getnet sempre foi uma empresa de tecnologia da qual o Santander era o principal sócio, ao realizar a antecipação de recebíveis para os lojistas.
Agora, o Santander entrou na briga pra valer na disputa para vender as maquininhas para as micro e pequenas empresas.
Leilão de linhas de transmissão de energia elétrica
Nesta quinta-feira (20), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) realizou um bem-sucedido leilão de 16 linhas de transmissão com extensão de mais de 7 mil quilômetros.
Os lotes foram vencidos pelas empresas que ofereceram o maior valor de deságio (desconto) na tarifa elétrica definida. A disputa foi acirrada, com deságio médio de 46,1 por cento em relação à receita anual permitida (RAP).
E Eu Com Isso?
A grande vencedora do leilão foi a Neoenergia, empresa controlada pela espanhola Iberdrola, que foi a vencedora de quatro lotes que representa.
A Neoenergia foi mais agressiva do que a concorrência (Isa Cteep, Energisa e Equatorial Energia) e, com o resultado do leilão, irá mais do que dobrar em tamanho em transmissão de energia elétrica. O investimento total estimado atinge 6 bilhões de reais.
Mas o leilão também teve vencedores empresas de capital aberto aqui no Brasil:
A Taesa (TAEE11) foi a vencedora do lote 12, com RAP de 59 milhões e deságio de 38,8 por cento. O investimento total estimado é de 610,4 milhões.
A Energisa (ENGIE4) levou um lote com RAP de 62,9 milhões de reais e deságio de 45,84 por cento.
A CPFL (CPFE3) também levou um lote com RAP de 33,9 milhões de reais e deságio de 38,51 por cento.
Com isso, esperamos impacto neutro no preço das ações da TAEE11, ENGIE4 e CPFE3 no curto prazo devido ao tamanho reduzido do lote arrematado no leilão em relação ao tamanho das companhias.
Grupos tradicionais no segmento de transmissão de energia, como Equatorial (EQTL3), ENGIE3, Alupar (ALUP11), Energia do Brasil (ENBR3) e Isa Cteep (TRPL4) também participaram do leilão, mas não levaram nenhum lote.
Embraer (EMBR3) segue no foco
A cada dia que se passa a Embraer permanece no foco do noticiário corporativo. Ontem (20), a boa notícia do possível pagamento de dividendos extraordinários foi ofuscada por mais uma decisão negativa da justiça da parceria da estatal com a Boeing.
A justiça concedeu uma nova liminar que tem o efeito de suspender a parceria da Embraer com a Boeing.
E Eu Com Isso?
A notícia é negativa para Embraer. Ontem (20) com o desdobramento da notícia, as ações (EMBR3) fecharam em queda de 2,16 por cento, depois de abrirem o dia em alta.
Apesar da manchete mais uma vez ser bem negativa, na prática, é apenas mais um entrave jurídico que não impedirá a criação da nova empresa com e Boeing, mas atrapalhará o tempo para a conclusão do negócio, além de aumentar a insegurança jurídica.
Depois do imbróglio jurídico, a operação deve ser aprovada pelo Presidente da República e também pelos próprios acionistas. É preciso frisar que o presidente, Jair Bolsonaro, é a favor da parceria.
Gol (GOLL4) e Smiles (SMLS3) – Incorporação pode mudar
No mês passado, a Gol anunciou uma reorganização societária cujo principal objetivo era a incorporação da Smiles. Após a operação, era planejado um aumento de capital na Gol e migração para o Novo Mercado da Bolsa.
No entanto, após o fechamento do pregão da sexta-feira (14), a Bolsa pegou todos de surpresa ao se colocar contrária à adesão da empresa ao novo mercado na forma que operação estava estruturada.
E Eu Com Isso?
A notícia é negativa para as ações da Gol (GOLL4) no curto prazo, visto que a decisão deve gerar dúvidas sobre a incorporação e a migração para o Novo Mercado, que é muito positiva para os acionistas minoritários.
Em um primeiro momento o plano para incorporação da Smiles pela Gol segue mantido – o que mudará são os moldes da operação. A operação planejada é muito complexa com diversas etapas, transação que inclusive foi muito criticada pelos acionistas minoritários da própria Smiles.
Outro ponto que merece atenção fica com o comunicado que a Gol divulgou, citando as mudanças que retiraram o limite máximo de 20 por cento de participação estrangeira nas companhias aéreas no Brasil e que permite que a participação dos estrangeiros seja de até 100 por cento no setor, fato que pode gerar muito valor para o setor no Brasil.
Será necessário manter muita atenção nos próximos passos da transação, pois surpresas podem surgir (até mesmo a entrada de alguma empresa internacional). Atualmente, a Delta Airlines tem 12,3 por cento e a KLM tem 1,6 por cento das ações da Gol.
IPO adiado
O banco mineiro BMG decidiu adiar o seu IPO (oferta inicial de ações), que teria preço definido ontem. A não abertura de capital na Bolsa é justificada pela baixa demanda dos investidores estrangeiros pelos papéis da instituição financeira. Por enquanto, não há previsão para retomada do processo.
E Eu Com Isso?
No relatório que fizemos sobre o banco BMG, havíamos sinalizado que só valeria a pena participar da oferta com o preço máximo de 11 reais, ou seja, no limite da banda inferior do preço. Para nós, acima disso, não valeria a pena, pois preferimos outros bancos consolidados e que já entregam resultados.
Além disso, ressaltamos que os investidores institucionais estão cada vez mais seletivos nestes processos e que preferem empresas maduras, por isso, a nossa expectativa era de que os pedidos de reserva se concentrassem mesmo no limite inferior da faixa de preço.
Dito e feito: as reservas se concentraram na banda inferior, no entanto, não foram o suficiente para confirmar o IPO.
Poupançudos
Aumentou em outubro o percentual de brasileiros que conseguiram poupar dinheiro: o número foi de 17 para 22 por cento. A aplicação preferida entre quem conseguiu poupar ainda foi a poupança, que foi considerada a primeira opção para 60 por cento das pessoas.
E Eu Com Isso?
Se você conseguiu poupar, já é um ótimo primeiro passo. O que não pode é escolher a poupança como o destino de seu dinheiro. Confira neste vídeo três motivos para fugir da poupança e escolher uma melhor opção de investimento.