Divididos entre o vírus e as pechinchas, investidores vão às compras
Há duas maneiras de olhar o comportamento do mercado na manhã desta quarta-feira (19). Por um lado, a infecção do coronavirus, que alguns analistas já chamam de pandemia, continua avançando. Na madrugada desta quarta-feira, Hong Kong anunciou a segunda vítima fatal em seu território. No cômputo geral, o total de vítimas na China supera 2 mil pessoas. O total de infectados, globalmente, superou 75 mil. E o impacto dessa epidemia sobre a economia chinesa já se faz sentir. As principais refinarias de petróleo da China anunciaram cortes na produção para fazer frente à desaceleração da demanda. Apesar de nenhuma grande empresa americana ter reproduzido o exemplo da Apple e emitido um alerta sobre resultados, espera-se que a retração chinesa vá provocar novos avisos desse tipo.
Por outro lado, os números de abertura do mercado mostram que os investidores não estão em pânico. Dos principais índices, apenas o SSE Composite, índice da Bolsa de Xangai, fechou em baixa, e mesmo assim modesta, de 0,3 por cento. Em Tóquio as ações subiram 0,89 por cento e em Hong Kong elas avançaram 0,46 por cento. Os índices europeus também estão em alta. O alemão Dax avança 0,46 por cento e o inglês FTSE sobe 0,82 por cento. E o que interessa, o mercado future do índice Standard & Poor’s de 500 ações (S&P 500) está em leve alta de 0,2 por cento.
O que motivou isso? A perspectiva de mais estímulos à economia chinesa, que poderão ser anunciados nas próximas horas pelo Banco do Povo da China (o banco central chinês), são mais relevantes do que o aumento do número de infectados e do que os eventuais alertas de resultados de empresas como a Apple. Além disso, fontes do mercado informam que o governo em Pequim pode abrir linhas de crédito para facilitar fusões e aquisições de empresas aéreas cujos resultados foram muito afetados pelo coronavírus. Tudo isso vem ao encontro de um movimento otimista por parte do mercado.
A situação está volátil, e nada impede que esse bom humor se desapareça em poucos instantes. Para isso, basta um alerta de resultados de uma empresa importante, ou uma declaração desastrada de uma autoridade do setor de saúde. No entanto, a convicção do mercado nesta quarta-feira é que a epidemia avança, seus efeitos serão graves, mas é possível pensar em ganhos de longo prazo, apesar de não se descartar uma forte volatilidade no curto prazo, ou seja, hora de comprar.
BRASIL – Em uma semana com poucos dados, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou a prévia da Sondagem da Indústria de fevereiro mostrando um aumento na confiança dos empresários. O índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu para 101,6 pontos, avanço de 0,7 ponto em relação a janeiro. Com essa alta, o ICI retorna aos níveis de setembro de 2013, antes da fase mais aguda da recessão. Segundo a FGV, a melhora do nível de confiança está concentrada no curto prazo. A alta do ICI resultou da melhora da percepção dos empresários em relação à situação atual. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu para 101,4 pontos, alta de 1,7 ponto, retornando aos níveis de outubro de 2013. No entanto, o Índice de Expectativas caiu 0,3 ponto, para 101,7 pontos.
A utilização da capacidade instalada também avançou. O resultado preliminar do Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (Nuci) subiu 0,5 ponto percentual, para 76,2 por cento, o mesmo valor outubro de 2018.
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