A semana se encerra com muitas notícias de inflação. Quatro índices importantes foram divulgados nesta sexta-feira (9), alimentando o debate sobre a trajetória dos preços nas próximas semanas.
Começando pelo mais importante, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O índice registrou uma inflação de 0,64 por cento em setembro, muito acima dos 0,24 por cento registrados em agosto. O resultado superou a mediana das expectativas, que era de 0,52 por cento. No ano, a inflação acumula alta de 1,34 por cento e, em 12 meses, de 3,14 por cento, acima dos 2,44 por cento observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Foi o maior resultado para o mês desde os 0,78 por cento de inflação registrados em setembro de 2003. Em setembro de 2019, o indicador havia ficado em 0,04 por cento negativo. O IPCA serve para balizar as metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional e colocadas em prática pelo Banco Central (BC).
A maior variação (2,28 por cento) e o maior impacto (0,46 ponto percentual) no IPCA vieram do grupo Alimentação e Bebidas. Em setembro, os preços desse grupo haviam subido 0,78 por cento. De novo, as maiores altas foram nos preços do óleo de soja, que subiram 27,54 por cento, e do arroz (17,98 por cento). No ano, os preços da soja e do arroz subiram, respectivamente, 51,30 por cento e 40,69 por cento.
IGP-M – A alta da inflação no varejo também foi percebida pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) variou 1,97 por cento no primeiro decêndio de outubro, uma queda significativa ante os 4,41 por cento registrados no primeiro decêndio de setembro. Com o primeiro resultado de outubro, a taxa em 12 meses passou de 18,01 por cento para 19,45 por cento.
A principal causa da desaceleração do IGP-M foi a queda dos preços das commodities no índice de atacado. O preço do minério de ferro recuou 7,25 por cento, após ter subido 20,08 por cento na estimativa anterior, e as cotações do café recuaram 7,78 por cento depois de terem subido 6,29 por cento. Com isso, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60 por cento do IGP-M, subiu 2,45 por cento no primeiro decêndio de outubro, cifra bem menor do que os 6,14 por cento do primeiro decêndio de setembro.
No entanto, apesar da baixa dos preços no atacado, a inflação para o consumidor se acelerou, segundo a FGV. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,64 por cento no primeiro decêndio de outubro, alta ante os 0,35 por cento do primeiro decêndio de setembro.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 1,26 por cento no primeiro decêndio de outubro, taxa superior a apurada no mês anterior, quando o índice havia sido de 0,88 por cento.
IPC Fipe – Para encerrar, a inflação na cidade de São Paulo foi de 1,06 por cento na primeira quadrissemana de outubro segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). No encerramento de setembro, o índice de preços teve alta de 1,12 por cento. Foi a primeira vez, em nove semanas, que a inflação paulistana não se acelerou.
A conclusão desse mar de números é que, como esperado, a alta dos preços dos alimentos já se transferiu para os índices de inflação. No entanto, o cenário é de uma inflação baixa nos últimos meses. Isso indica que haverá pouco espaço para uma alta duradoura nos preços.
A sessão promete ser de menor volume nesta sexta-feira, com os investidores preferindo não ficar posicionados. Não haverá pregão no Brasil na segunda-feira (12), mas os mercados funcionarão normalmente no Exterior. O primeiro movimento das ações é de alta, com os futuros do índice americano S&P 500 avançando 0,5 por cento e o Ibovespa futuro estável.
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