A mineradora brasileira realizou o seu evento anual para investidores nesta quarta-feira (02), o Vale Day, transmitido em sua página de Relações com Investidores.
A companhia deu uma ênfase no detalhamento do avanço na reparação dos danos de Brumadinho, além de focar sua apresentação em 5 blocos: Segurança e Excelência Operacional, Novo Pacto com a Sociedade, Maximização da qualidade da operação do minério de ferro, Transformação de Metais Básicos (Cobre e Níquel) e Disciplina na alocação de capital.
Os principais destaques foram:
i) Segurança: A companhia vem anunciando e executando inúmeros projetos de prevenção de acidentes e redução do risco de lesão corporal nas suas operações, redução da exposição aos fatores de risco à saúde (físico, químico e biológico) e metas para eliminação de riscos de alto impacto negativo, a exemplo das barragens.
A Vale vem em uma rampa de crescimento do número de barragens em fase de descaracterização, ou seja, mudanças estruturais de modo a mitigar o risco de desmoronamento, sobretudo nas barragens a montante, a mesma característica estrutural das de Brumadinho e Mariana (2015).
ii) Sustentabilidade: Foco em redução de pegada de carbono nas operações, com medidas concretas como a ampliação da participação da matriz energética renovável (eólico e solar), melhorias na emissão de CO2 nas plantas e na logística e aumento da parcela de processamento de minério a seco (mais segura na disposição de rejeitos).
Além disso, ações de reflorestamento e engajamento com as comunidades locais (nos territórios de operação da companhia), juntamente com melhorias nas práticas de governança corporativa com instalações de comitês de auditoria e associação da remuneração à critérios ligados à sustentabilidade (ASG).
iii) Produção e Alocação de capital: A companhia divulgou sua projeção operacional e estimativa de geração de caixa, pouco antes da abertura de mercado e do início do Vale Day.
Há projetos em andamento, sobretudo em suas maiores plantas de minério de ferro (Minas Gerais e Pará), para aumento da capacidade total de produção de minério de ferro, com estimativa de alcançar a capacidade máxima de 400 milhões de toneladas anuais (Mtpa) ao final de 2022. No segmento de metais básicos, o cobre terá um crescimento de produção importante em Carajás (PA), com sinergias capturadas principalmente no compartilhamento da estrutura e logística com o minério de ferro. Para o Níquel espera-se também um aumento de produção em suas plantas no Atlântico Norte (EUA e Canadá), com melhorias no processamento de minério e ampliação da capacidade de extração.
Em relação a alocação de capital, a companhia vem reduzindo projetos e operações que consumiam caixa, como exemplo a planta de níquel de Nova Caledônia que teve suas operações encerradas neste ano, além da redução de custos de extração, principalmente pela diluição de custo fixo, gerando um efeito direto na geração de caixa da companhia.
E Eu Com Isso?
A Vale parece ter aprendido a lição após dois desastres ambientais de grandes proporções, uma em 2015, envolvendo a subsidiária Samarco e o mais recente em Brumadinho no início de 2019. A companhia já provisionou cerca de 29 bilhões de reais para a reparação dos danos e indenização das vítimas, além de mudar o formato de atuação em relação à segurança operacional, tomando medidas proativas para prevenir e reforçar a segurança.
Apesar de mostrar uma apresentação completa e com boas perspectivas futuras de suas operações, enxergamos pouco impacto nos preços das ações no curto prazo devido ao evento, com os planos apresentados já sendo bem conhecidos pelo mercado, representando apenas uma mensagem de reforço na divulgação dessas ações por parte da companhia.
Já no campo financeiro, a companhia vem em um momento de forte geração de caixa, com os preços do minério de ferro nas máximas históricas, com o câmbio em patamares favoráveis que, combinado com o aumento da produtividade e baixo nível de endividamento, será um período com o melhor resultado histórico da companhia.
A Vale utilizou premissas conservadoras em suas projeções divulgadas, em nossa visão, com preços estimados de minério de ferro variando na faixa de 70 a 100 dólares por tonelada. Mesmo no menor nível da faixa, a companhia estima o indicador chamado Free Cash Flow Yield (geração de caixa livre dividido pelo valor de mercado da empresa) em torno de 4,4 por cento, podendo chegar a até 15,7 por cento, ou seja, após todos os custos caixa e investimentos, o caixa gerado pode representar 2 dígitos de retorno em relação ao valor da companhia.
Estes números confirmam a perspectiva de pagamento de dividendos robusta, já citado em nossas análises anteriores sobre a companhia, além do patamar saudável e excelente rentabilidade da companhia, mesmo em um cenário conservador de preços de seu principal produto, o minério de ferro.
Lembrando que a Vale é a produtora de menor custo mundial, bem posicionada no mercado de Níquel (um dos principais insumos para baterias de carros elétricos) e negocia os seus produtos com um prêmio em relação ao preço de referência pela qualidade alta dos seus minérios e por isso acreditamos que as perspectivas da companhia daqui em diante são positivas.
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